Abril

Por Alexandre Gonçalves *

Fome, medo, censura, morte, segredo, perseguição e fuga. Desenhos pintados em tons de pouca luz. Muros pardacentos onde permanecíamos invisíveis. Pensamentos manietados, autêntica perversidade.

Livros proibidos, lidos hoje nas ruas. Abril é paixão, emoção, coragem, tenacidade e emancipação. Cravo vermelho que floresce no coração. Rostos de utopia e cantigas de liberdade.

Jovens entoam cânticos de Zeca com bastante cumplicidade. Aragem que toca e tranquiliza a face. Cravo vermelho ao peito e na mão. Correr, saltar e caminhar na imensidão.

Liberdade para amar, pensar, sonhar, sorrir, falar, ler e escrever. Virtude suprema. A nossa dignidade. Venerar a liberdade, analisar o evidente e exigir o incomum.

O poder e a força de um grito. Clamor de vigor que desmoronou a injustiça e o gládio do ditador. Voz contra a repressão, anular a escuridão e destapar a claridade. A esperança e o sonho abandonaram as teias do despotismo e do medo.

Dar voz de prisão à censura e abraçar a liberdade. Ninguém nos ouse amordaçar. Olhares e sorrisos livres, liberdade para sentir e cantar. Criarmos, imaginarmos e voarmos em vez de nos curvarmos.

Olhos que fulguram e corações abertos. Parte relevante da nossa história, pigmentado alicerce emocional. Influxos benignos, mimar e encorajar os nossos sonhos. Fugir da penumbra e conceber novos espaços.

Pintura feita de alvura e marchas enérgicas de cravos. A beleza que emprestas a todos os lugares. O fim do desassossego da privação. Respirar, compreender, crescer e beber conhecimento.

Abril de todos e para todos. Comerciar os sinais da nossa própria existência. O terrorismo intelectual foi ofuscado por uma colorida circulação de ideias e ideais. Informação livre e a importância de dar a nossa opinião.

A sensualidade de meditar e de interrogar a vida. Construir na perfeição, sem dependência ou submissão. A leveza e serenidade do teu colo, tesouro perpétuo. Indivíduos audazes, críticos e observadores.

Ondas de espuma que cantam. A luz do futuro e o significado de acreditar. A bravura da gente de grande coração, os homens do leme. A literatura, vestida de liberdade, que nos permite percorrer a cidade, a região, o país e o mundo.

A liberdade sabe que é apreciada e amada. Livro de páginas abertas, sem título ou capítulo. Portugal floriu! Sou livre para ser!


*Escritor e Técnico Superior na Divisão de Educação da Câmara Municipal da Guarda 

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