24 Sep 2025, 8:05
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A Bleap, uma aplicação que facilita o uso de criptomoedas no dia a dia, já atraiu cinco mil utilizadores e 2,3 milhões de dólares em investimento.
Guilherme Gomes e João Alves, antigos estudantes do Mestrado Integrado em Engenharia e Gestão Industrial da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), são os fundadores da Bleap, uma startup que nasceu da ambição de tornar o universo das finanças descentralizadas (DeFi) acessível, simples e seguro para qualquer utilizador.
A ideia surgiu quando João Alves, então responsável pela área global de cartões da Revolut, decidiu procurar um desafio com verdadeiro impacto. Em 2019, após terminar o mestrado na FEUP, juntou-se a Guilherme Gomes rumo a Londres para integrarem a fintech numa fase de forte crescimento – experiência que lhes permitiu aprender e assumir funções de topo, com João a liderar toda a vertente de cartões da aplicação e Guilherme a gerir três equipas de produto.
Em 2023, os dois colegas decidiram sair da empresa e avançar para a criação da Bleap. “Estava constantemente a resolver problemas na Revolut, mas sentia falta da energia inicial, de agarrar algo que parecia impossível e ir atrás disso”, recorda João Alves. Foi também nesse momento que reconheceram a importância das bases técnicas e estratégicas adquiridas durante o percurso académico na FEUP, que lhes deram confiança para desafiar a lógica centralizada da banca tradicional.
Com uma abordagem disruptiva, a Bleap propõe uma app financeira cuja infraestrutura assenta inteiramente em blockchain – tecnologia que garante segurança e transparência ao registar transações de forma descentralizada –, eliminando intermediários. Entre as principais funcionalidades está um cartão de débito Mastercard ligado diretamente à carteira cripto do utilizador, sem necessidade de conversão prévia para euros ou dólares.
Isto significa que as compras com stablecoins – criptomoedas de valor estável, como a USDC – podem ser feitas em lojas físicas ou online de forma imediata e sem taxas de conversão.
A equipa destaca que, atualmente, “usar criptomoedas no dia a dia implica vários passos – transferências bancárias, compras em exchanges e conversões para euros ou dólares -, cada um com custos e atrasos associados”. A Bleap elimina estas barreiras, permitindo transações diretas a partir da blockchain e garantindo ao utilizador controlo total sobre os seus fundos, sem bancos ou plataformas centralizadas.
Num curto espaço de tempo, a startup desenvolveu uma app funcional, superando desafios técnicos como a integração com sistemas de pagamento Apple Pay e SEPA. Em novembro de 2024, angariou 2,3 milhões de dólares em financiamento pre-seed e já conta com 5.000 utilizadores beta ativos na comunidade cripto.
Atualmente em fase avançada de produto beta, a Bleap foca-se em melhorar a experiência de utilização e prepara o lançamento oficial para finais de 2025. Para o futuro, os fundadores querem transformar a app numa alternativa real à banca tradicional, tendo já implementado algumas funcionalidades.
“Os sistemas de convites e programas de afiliados já permitem aos utilizadores ganhar recompensas e os cartões físicos foram lançados em maio de 2025. Além disso, também é possível fazer trading diretamente na Bleap Wallet ou em wallets conectadas e todas as compras oferecem 2% de cashback”, explica um membro da equipa, mostrando que o objetivo é claro: construir uma “Revolut na blockchain”.
Fonte: Mafalda Leite, FEUP
Foto: U.Porto