Em
O Primeiro de Janeiro

3 Feb 2022, 0:00

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António Costa

Por Joaquim Jorge*

António Costa é um casy study, aquele ar bonacheirão , aquele sorriso empático esconde por detrás um animal político que ficará na história da nossa democracia.

É incrível como de uma forma deambulada e a rir-se vai arrumando com todos os obstáculos que vai tendo à sua frente.

Começou por ser líder do PS arrumando com António José Seguro de uma forma pouco ortodoxa, mas que lhe permitiu concorrer, em 2015, a primeiro-ministro contra Pedro Passos Coelho.

Não venceu, mas isso não o fez esmorecer e começou a congeminar um acordo com o BE e PCP. Na altura era Presidente da República Cavaco Silva. Com a sua paciência de oriental, com muita calma deixou o governo de Passos Coelho tomar posse, aproveitou para ganhar tempo para arquitectar a famosa “geringonça”.

Eu nunca gostei desse nome prefiro acordo de incidência parlamentar com o PCP e BE.

De seguida, propôs a Cavaco Silva apresentar uma fórmula de governo que passasse na Assembleia da República. Cavaco Silva torceu o nariz e exigiu um acordo escrito. Não houve problema até foi melhor assim, a legislatura durou os quatro anos.

Em novas eleições legislativas, em 2019, desta vez começou a subir a escadaria da libertação, suplantou o PSD e tornou o PS a força mais votada. Naturalmente foi indigitado primeiro-ministro, mas desta vez por direito próprio sem ser obrigado a tirar um trunfo na manga.

Em 2019, já estava na presidência da República Marcelo Rebelo de Sousa a antítese de Cavaco Silva. Marcelo Rebelo de Sousa não exigiu um acordo escrito, o que parecia um handicap tornou-se uma mais-valia.

Deste modo, António Costa quando achasse o melhor timing para si e o PS esticava a corda e provocava eleições. O momento chegou na aprovação do OE 2022. O PCP e o BE esticaram a corda em demasia, o seu feeling disse-lhe que quem provocasse eleições seria penalizado.

Marcelo Rebelo de Sousa deu-lhe uma ajuda sem saber bem o que poderia acontecer.

A sua estratégia resultou em pleno e venceu em toda a linha sem precisar de mais ninguém. Vamos ter António Costa, ele e só ele até 2026. A esquerda está em escombros.

Recapitulando, desenvencilhou-se de António José Seguro, pelo meio libertou-se de José Sócrates com a célebre frase: “à política o que é da política , à justiça o que é da justiça”. A seguir enviou Pedro Passos Coelho para casa mesmo vencendo. A seguir tornou o PS o partido mais votado e agora tornou o PS amplamente votado.

Marcelo Rebelo de Sousa é a última vítima da sua capacidade e tornou-se irrelevante.

Na noite das eleições disse uma frase enigmática: “ uma maioria absoluta não é poder absoluto, não é governar sozinho”.

António Costa é imparável, a sua sedução chegou aos portugueses que não votaram nele.

António Costa politicamente é um lobo em pele de cordeiro.


*Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores 

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