10 Sep 2024, 13:15
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Até 15 de dezembro, o Batalha Centro de Cinema dedica uma retrospetiva à obra do autor do controverso “O Império dos Sentidos”. Com curadoria de Miguel Patrício, “Nagisa Ōshima: Cerimónias de Transgressão” inclui uma seleção de filmes que percorre os 40 anos de carreira do realizador.
Um dos cineastas japoneses internacionalmente mais aclamados e definitivamente o mais conhecido da sua geração, Ōshima é considerado uma figura cimeira da Nouvelle Vague japonesa dos anos 60.
A sua obra caracteriza-se por um descomprometimento com a tradição humanista dos seus antecessores, uma ética rebelde, fortemente radicada no sujeito e iconoclasta. Sexualidade, pulsões criminosas e transgressões nos limites do socialmente aceitável misturam-se nos seus filmes num composto delirante.
A retrospetiva tem início a 11 de setembro, quarta-feira, com “Taboo” (1999), às 21h15. Filme que marcou o regresso de Ōshima ao cinema após um hiato de 13 anos e o último que realizou antes da sua morte, explora temas como relações proibidas, homoerotismo, complexidades do desejo humano e os desafios impostos pelas expectativas sociais.
Até dezembro, serão apresentadas as obras “Max, mon amour” (1986), “Merry Christmas, Mr. Lawrence” (1983), “O Império dos Sentidos” (1976), “The Ceremony” (1971), “The Man Who Left His Will on Film” (1970), “Yunbogi’s Diary” (1965), “Boy” (1969), “Sing a Song of Sex (A Treatise on Japanese Bawdy Songs)” (1967), “The Catch” (1961) e “Night and Fog in Japan” (1960).
Provocador e controverso, O Império dos Sentidos é descrito por muitos como um dos filmes mais polémicos de sempre, tendo ficado famoso pelo seu conteúdo sexual explícito, à altura raramente visto no circuito de grande público. Baseado em factos reais ocorridos no Japão nos anos 30, num contexto de tensões sociais e ascensão do autoritarismo, o filme narra a intensa e trágica história de amor entre uma antiga gueixa e o proprietário de uma pousada. O relacionamento de ambos transcende normas e tabus sociais, envolvendo-os numa espiral de desejo destrutiva. O erotismo e as cenas de sexo não simuladas valeram a Ōshima um processo em tribunal por obscenidade e censura em vários países.