4 Oct 2024, 11:00
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Esta sexta-feira, o Batalha apresentas um tesouro do arquivo checoslovaco com 60 anos, que permanece pertinente e atual, ao refletir sobre a constante ameaça de uma guerra mundial.
Embora pouco conhecido fora das fronteiras da Eslováquia e da República Checa, Eduard Grečner é uma figura-chave no desenvolvimento do cinema moderno na Europa Central e de Leste! Esta que é a sua longa-metragem de estreia oferece uma visão existencialista e inquietante sobre um mundo dominado pelo medo.
O Batalha Centro de Cinema retoma este mês o programa Tesouros do Arquivo, que propõe a (re)descoberta das últimas obras restauradas por importantes laboratórios, arquivos e cinematecas, com dois filmes que abordam o pânico da ameaça nuclear após a Segunda Guerra Mundial.
A 3 de outubro, quinta-feira, às 19h15, é apresentado Every Week Seven Days (1964), de Eduard Grečner, cineasta fulcral no desenvolvimento do cinema moderno da Europa Central e de Leste. O filme parte de vivências da juventude para oferecer uma visão existencialista de um mundo em ânsia e ameaça seguindo a história de dois escultores e as suas diferentes reações a questões da vida atual — como o que podemos fazer para salvar a humanidade da destruição e para libertar o mundo da ameaça constante da guerra nuclear.
Segue-se Godzilla (1954), de Ishirō Honda, exibido a 27 de outubro, domingo, às 17h15, a propósito do Dia Mundial do Património Audiovisual. Após testes nucleares acordarem uma criatura pré-histórica que ameaça destruir Tóquio, cabe a um cientista decidir se a destruição desta força da natureza justifica qualquer meio. Godzilla é uma acusação feroz da era atómica responsável pela criação de um novo monstro que entraria no léxico da cultura pop mundial. No seu 70.º aniversário, será apresentado um novo restauro conduzido pelo Toho Archive.
Em novembro, será revisitada a questão da Palestina e o tema do colonialismo com a sessão de curtas-metragens Urgent Call for Palestine e Leila and the Wolves, com a presença da realizadora, Heiny Srour.
A sessão Urgent Call for Palestine, apresentada no sábado, 9 de novembro, às 21h5, integra três curtas-metragens. O documentário The Flower of All Cities (1969), de Ali Siam, considerado o pai do cinema palestino, é um harmonioso retrato da vida palestina em Jerusalém perturbada pela ocupação da cidade pelo exército israelita após a guerra de 1967. Em Arab Israeli Dialogue (1974), de Lionel Rogosin, assistimos a um debate entre um palestiniano — o poeta Rachid Hussein — e um israelita — o artista Amos Kenan —, que tentam sistematizar exigências, queixas e soluções para uma futura paz entre as partes. Ambos manifestam o seu amor pela terra, considerada como sagrada. A aparente simplicidade da encenação torna claras as diferenças entre o discurso atual e o clima de humanismo e esperança de 1973. Já The Urgent Call of Palestine (1973), de Ismail Shammout, a música da cantora Zeinab Shaath em solidariedade com a Palestina é interrompida pelas palavras do poeta Kamal Nasser, que continuam pertinentes até aos dias de hoje.
A 21 de novembro, quinta-feira, às 19h15, é exibido Leila and the Wolves (1984), de Heiny Srour, numa sessão seguida de conversa com a cineasta. Leila (Nabila Zeitouni), uma jovem libanesa a viver em Londres, viaja no tempo através do Líbano e da Palestina do século XX. Leila and the Wolves reúne elementos documentais e evocações da mitologia árabe. Durante vários anos, Srour captou imagens em locais muitas vezes perigosos, combinando-as com filmes de arquivo para reconstruir narrativas históricas convencionais. Centrando-se nos contributos políticos e sociais das mulheres, muitas vezes negligenciados, o filme traz uma perspetiva feminista, mas com ironia, sobre o passado colonial conflituoso da região.
Fonte: CM Porto
Foto: Batalha Cinema