18 Jul 2022, 0:00
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O historiador Laurentino Gomes considerou que o empréstimo do coração de D. Pedro, que foi rei no Brasil e em Portugal, solicitado pelo Governo brasileiro para celebrar os 200 anos da Independência do país sul-americano é um eco da ditadura militar. O executivo da Câmara do Porto vota esta segunda-feira autorização para a transladação temporária do coração de D. Pedro para o Brasil no âmbito das comemorações do bicentenário da independência daquele país.
Falando sobre o pedido de trasladação do órgão - guardado na Irmandade da Igreja da Lapa, no Porto - para as comemorações do bicentenário, o historiador brasileiro e autor de livros de grande sucesso (1808, 1822 e 1889) e da trilogia Escravidão lembrou que o coração ficou preservado em Portugal a pedido do antigo monarca, conhecido como D. Pedro I do Brasil e D. Pedro IV em Portugal, que conduziu o país sul-americano, antiga colónia portuguesa, à independência e cujo corpo se encontra na cidade brasileira de São Paulo.
“O coração do D. Pedro é preservado em condições muito delicadas, lá na igreja da Lapa, no Porto, e há um risco real. [O pedido de empréstimo] é um eco autoritário de uma ditadura, porque [na comemoração do aniversário dos 150 anos] era o auge da ditadura, em 1972, os militares trouxeram os restos mortais de D. Pedro para o Museu do Ipiranga”, frisou Gomes.
"Eles trouxeram o corpo, então, num gesto simbólico, vamos trazer o coração”
“Bolsonaro, que cultiva a ditadura brasileira, é um adepto da ditadura, é um homem autoritário, um misógino, preconceituoso, racista, tentou mimetizar os generais [da ditadura militar]. Eles trouxeram o corpo, então, num gesto simbólico, vamos trazer o coração”, acrescentou.
O executivo da Câmara do Porto vota na segunda-feira autorizar a transladação temporária do coração de D. Pedro para o Brasil no âmbito das comemorações do bicentenário da independência daquele país.