16 May 2022, 0:00
135
A falta de nadadores-salvadores portugueses para a vigilância das praias é uma dificuldade de "há muitos anos", a nível nacional, que tem vindo a ser colmatada com a contratação de estrangeiros, principalmente brasileiros.
Em declarações à Lusa, o presidente da Federação Portuguesa de Concessionários de Praia, João Carreira, contou no final de abril que este ano já estavam a chegar nadadores-salvadores do Brasil e acrescentou, sobre o preenchimento de vagas, que este verão "as coisas vão correr bem, como aconteceu nos anos passados".
O presidente da Associação de Nadadores-Salvadores da Costa da Caparica - Caparica Mar (concelho de Almada, distrito de Setúbal), Luís Vitorino, sublinha que a contratação de nadadores-salvadores brasileiros se deve ao facto de as épocas balneares dos dois países se desencontrarem e à possibilidade de conciliá-las.
"Nas praias do estado de São Paulo, os profissionais ou pertencem à Polícia Militar, ou têm de concorrer anualmente para trabalhar apenas um verão, além de terem de realizar o teste para exercer a atividade todos os anos", refere Lucas Leandro, nadador-salvador.
Já em Portugal o teste de certificação do ISN precisa de ser renovado apenas de três em três anos e é pago pelo próprio nadador-salvador, enquanto no Brasil é patrocinado pelo Governo.
O consenso entre os nadadores-salvadores que falaram com a Lusa e os representantes de associações da Costa da Caparica é de que os testes para a certificação no Brasil são mais difíceis, porque exigem mais fisicamente. "Passam muito tempo dentro da água [no mar], enquanto aqui o treino é mais na piscina", diz Erich Cayris.
Em resposta à Lusa, o ISN assegura que, apesar de algumas alterações nas provas em janeiro deste ano, a exigência "no processo de certificação de nadadores-salvadores se mantém" e que é normal que "tenha tendência para ser elevada", dado que se trata de "uma atividade profissional que envolve o salvamento de vidas humanas".
Relativamente ao número de brasileiros a exercer a atividade em Portugal, o ISN refere que começa a ser "significativa [a quantidade] de guarda-vidas brasileiros que solicitam o reconhecimento da sua formação". Tal como previsto na legislação nacional, através de um protocolo, têm de passar o "exame de certificação de nadadores-salvadores em vigor em Portugal".