14 Sep 2023, 0:00
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Numa altura em que a modalidade luta para ter mais expressão no panorama desportivo nacional, competições como o Meeting Internacional Prof. Rui Moreira revestem-se de especial importância para os desportistas, não só pela natureza competitiva, mas também no que concerne à troca de experiências e práticas.
Nesta edição, o torneio traz uma novidade: além da participação de equipas seniores masculinas, a competição foi alargada às formações femininas, promovendo a igualdade de género nesta modalidade.
O Fluvial é uma das coletividades desportivas mais antigas do país e uma referência nos desportos aquáticos no Norte, em especial nas modalidades de natação e polo aquático. Não será, pois, uma surpresa ouvirmos frases como “é uma paixão”, “este é o meu clube” ou “amor à camisola”. Nuno Marques, de 31 anos, é um dos atletas da casa. Ainda menino, com nove anos, deu as primeiras braçadas no Fluvial e não mais parou. É atleta de polo aquático e treinador principal da equipa sénior feminina do Fluvial. Uma “responsabilidade” e um “desafio” que assume há dois anos. Reconhece estar “a gostar da experiência”. “O treino de desportistas no feminino acaba por ser mais fácil comparativamente com as formações masculinas, conseguimos com maior facilidade captar a atenção das atletas”, explica.
Praticamente todos os dias da semana, sempre ao início da noite e após uma jornada de trabalho ou de estudos, a equipa feminina treina naquela que é a sua “segunda casa” – o Clube Fluvial Portuense (o tal local de encontro de ambições e de sonhos). Às 20h00 já lá estava Nuno, atento a todas as movimentações das suas atletas na água, já equipadas para mais um intenso treino. “Isto é mesmo nadar e jogar por gosto e amor à camisola?”, questionámos. “É muito amor à modalidade e ao clube”, confessa.
A atual situação do polo aquático nacional não é das mais expressivas e se enquadrarmos nesta equação as formações femininas, o panorama não muda de figura. “É preciso lutar, treinar muito e sermos mesmo persistentes”. “Sai do nosso bolso e suor” e, desabafa, “o polo aquático, na formação, não está ao nível do que desejaríamos”, conclui. Basta analisarmos a competição do ano passado. Na verdade, o número de equipas que figuraram no campeonato nacional da primeira divisão feminina sénior de polo aquático contam-se pelos dedos das mãos: três do Norte - o Fluvial, o Pacense e o Lousada - e duas equipas de Lisboa - o Benfica e o Cascais. “Estamos a falar de um desporto ainda amador, sendo que o que motiva as atletas é mesmo o prazer e gosto por jogar a modalidade”, adianta Nuno. O exemplo está mesmo ali, de costas, dentro na piscina juntamente com mais colegas de equipa. Perfilada entre as parceiras encontramos a número 10 – a capitã da formação fluvialista de polo aquático.
Quem quiser abraçar o desporto no feminino encontra cada vez mais oferta, mais mercado”, justifica Nuno Amaral. Mas, neste momento, e no que respeita ao polo aquático feminino nacional, a modalidade “já teve melhores dias”. Trata-se também de uma questão geracional e de identificação, já que não há em Portugal cultura desportiva expressiva neste desporto específico.
A capitã partilha da mesma opinião do seu treinador. Começa, de facto, a “existir mudança” e dá o exemplo de desportistas que estão a jogar no estrangeiro, “como Inês Braga, que começou aqui no Fluvial, e outra atleta que foi para o Bordéus e, agora, joga profissionalmente nos Estados Unidos”. Ainda assim, em Portugal “viver deste desporto não é uma realidade, isso só acontece lá fora, há mais abertura até porque noutros países como em Espanha ou Itália, o polo aquático é desporto rei”, concretiza.
(In AgoraPorto)