27 Nov 2023, 0:00
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"O consenso alargado de que o regime democrático goza hoje devia ser suficiente para o 25 de Novembro já não gerar desgostos ou ressentimentos", começou por afirmar o vice-presidente da Câmara, acrescentando: "Mais estranho ainda é que, quase 50 anos volvidos, o 25 de Novembro seja usado para acentuar a divisão político-ideológica entre a direita e a esquerda".
Filipe Araújo lembrou, a propósito, o que o antigo Presidente da República e líder histórico do PS, Mário Soares, escreveu, em 2010: "[o 25 de Novembro] É uma data tão importante, para a afirmação da democracia pluralista, pluripartidária e civilista que hoje temos, como a Revolução dos Cravos".
"Só por má-fé, ignorância ou calculismo político se pode negar a influência determinante do 25 de Novembro na instauração da democracia representativa e liberal no nosso país. É inegável o quanto o 25 de Novembro contribuiu para ‘cumprir Abril’ e, neste sentido, o quanto representa para a história do nosso país", sublinhou.
Celebrar o 25 de Novembro para exaltar os ideais de Abril
Sobre o período conturbado que se viveu na altura, em Portugal, e a relevância histórica das datas, o vice-presidente recordou que "comemorar o 25 de Novembro não significa diminuir a importância histórica do 25 de Abril de 1974". Pelo contrário, "celebrar o 25 de Novembro serve, justamente, para exaltar os ideais de Abril, que não se teriam cumprido caso os revoltosos de extrema-esquerda lograssem levar a cabo os seus intentos golpistas".
"Ao representar o fim da revolução e a normalização democrática do país, o 25 de Novembro ganhou uma força simbólica próxima ou igual à do próprio 25 de Abril. Por isso, é um acontecimento que tem de ser sempre, sempre celebrado pelo regime democrático, independentemente dos humores políticos de quem está no poder ou o influencia", concluiu Filipe Araújo.
Para além da conferência, no exterior da Biblioteca Municipal Almeida Garrett (BMAG) está patente a exposição "25N", produzida pelo Instituto +Liberdade e que conta com o apoio do Município do Porto. É composta por 16 painéis, que retratam os principais momentos pós-25 de Abril: a formação dos partidos, o 11 de março, a reforma agrária, as nacionalizações, o verão quente, entre muitos outros momentos marcantes, que culminam no 25 de novembro de 1975.
Uma mostra bastante visual, com textos curtos, fotografias e QR Codes que remetem para vídeos da época, tornando-a ainda mais interativa e apelativa para os visitantes. Esta exposição está também patente em mais de 250 escolas de todo o país, através de cartazes expostos, inclusive em dezenas de escolas da região do Porto, públicas e privadas.