Comerciantes do Mercadinho da Ribeira vão assumir gestão

Foi para evitar "um vazio" que o Município do Porto e os vendedores do Mercadinho da Ribeira concordaram em colocar aquele espaço tradicional, com raízes que remontam à Idade Média, sob gestão da associação recentemente criada pelos próprios comerciantes. Proposta recebeu a aprovação unânime do Executivo na reunião desta segunda-feira.

A solução foi encontrada antes que terminassem as licenças de venda, em vigor até dezembro. Caso contrário, a autarquia ver-se-ia obrigada a optar entre uma hasta pública para leiloar os espaços ou um sorteio que, explicou o presidente da Câmara, "não seria condicionado aos vendedores históricos, teria de ser aberto a qualquer um".

"Isto suscitou grande preocupação", assume Rui Moreira, reforçando que "estamos a falar de um património cultural e social da cidade, numa zona particularmente sensível". "Aqueles operadores são famílias que fazem aquilo há muito tempo. Tem muito a ver com a alma da cidade", sublinha.

A proposta de constituição da "Associação Mercadinho da Ribeira" com competência para gerir o espaço surgiu de uma reunião com os 20 vendedores e inclui a aprovação de um regulamento "em tudo semelhante ao municipal" e a nomeação de um interlocutor junta da Câmara.

O presidente deixou, ainda, a garantia de que "esta decisão não condiciona o futuro Executivo porque, nesta questão dos mercados, em qualquer momento, o Município pode suspender ou extinguir a sua atividade", sendo responsável pela sua fiscalização. "Para o futuro, não fica o vazio", reforça.

Acompanhando a solução, a vereadora do PSD, Mariana Ferreira Macedo refere a importância de "manter aquelas pessoas que estão enraizadas e que nos caraterizam, que são a autenticidade da cidade".

Pelo PS, Rosário Gambôa considerou esta atribuição da gestão do Mercadinho da Ribeira "uma medida política importante", uma vez que "permite assegurar que as pessoas que sempre lá estiveram, que são autóctones da Ribeira, possam continuar o seu trabalho".

Já Joana Rodrigues enaltece o facto de a proposta "defender todos, principalmente o património histórico da cidade". "Se não fosse desta forma, correríamos um risco de haver interesses privados a apropriarem-se daquele espaço", considera a vereadora da CDU, acrescentando a relevância do "compromisso que existe de manutenção do património histórico, dos comerciantes, dos valores e da tradição, assim como da Câmara poder, a qualquer momento, reverter este processo se não forem cumpridos os princípios".

Durante a reunião, o Executivo apresentou, também, um mapeamento e diagnóstico dos mercados da cidade. O documento mostra a existência, antes da aprovação relativa ao Mercadinho da Ribeira, de 13 mercados municipais, que albergam 329 comerciantes e, entre os meses de janeiro e agosto deste ano, geraram uma receita de quase 78 mil euros.

Já os espaços privados são 15, com 15 promotores e uma receita, no mesmo período, de 24 mil euros.

Sobre a distribuição dos comerciantes nos espaços municipais, a maior fatia é reclamada pela Feira da Vandoma, com 44% do total de vendedores deste universo.

Esta feira surge também no topo no que diz respeito a taxa de ocupação, apresentando 100%, tal como o Mercado das Artes, o Mercadinho da Sé e o Mercadinho da Ribeira.

O estudo permitiu perceber, também, que, dos 329 comerciantes, 26% têm residência no Porto e que a idade média ronda os 63 anos, sendo maioritariamente homens.

Em relação a quem visita as feiras e mercados municipais, predominam os residentes locais (44,8%), mas os turistas representam, também, uma fatia expressiva (31,4%), sobretudo em mercados mais centrais e especializados.

Entre os principais motivos para visitar estão a variedade de produto, o desfrutar de uma experiência de compra ao ar livre, os preços acessíveis e a especialização do mercado.

A maioria dos visitantes gasta até 50 euros por visita (86,5%), evidenciando que os mercados são procurados sobretudo para compras de baixo a médio valor.

Numa avaliação global, quase 60% dos visitantes consideram "boa" a experiência, destacando-se o Mercado do Sol (75%) e o Mercado das Antiguidades (72,4%). A classificação "excelente" surge em segundo lugar (18,2%) e é mais expressiva no Mercadinho do Cerco (58,3%), na Feira da Pasteleira (51,9%) e no Mercado das Artes (53,3%).

Para o futuro, as respostas ao estudo mostram que é essencial espaços renovados e mais confortáveis (38,1%), melhor comunicação e presença nas redes sociais (34,8%), horários mais alargados e flexíveis (26,6%) e mais eventos culturais e gastronómicos (18,4%).

Faz parte da estratégia municipal para revitalização e modernização dos mercados a promoção da diversificação de produtos, o desenvolvimento de incentivos, uma política de apoio a jovens empreendedores e a colaboração com novos intervenientes.

 

Fonte: CM Porto
Foto: CMP | Andreia Merca

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