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O Primeiro de Janeiro

20 Dec 2023, 0:00

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Da Ucrânia para o Porto: o Desporto no Bairro faz esquecer a guerra

De corpo e alma é o que se espera ver, ouvir e sentir do núcleo de crianças, jovens, monitores e convidados que irão encarnar a melhor versão de si mesmos no espetáculo de encerramento da quarta edição do Desporto no Bairro, esta sexta-feira, 22, na Avenida dos Aliados, a partir das 21h00. 

Vamos começar pelo fim, porque mesmo no final há sempre a esperança de um novo começo, uma renovação. No Desporto no Bairro não é exceção. No MXM Art Center, na Rua do Ouro, cruzámo-nos com New Max, a voz dos Expensive Soul. Ao longe, membros do coro Aeternus Cantabile assumiam a batida compassada de uma das suas músicas, cantando o chamamento do refrão: “Vai Joe!”.

Estes são alguns dos convidados especiais que irão assinar um dos momentos mais marcantes do espetáculo de encerramento do programa municipal Desporto no Bairro, que caminha para a sua reedição, em 2024. Assistimos a um dos ensaios gerais antes da grande atuação no palco dos sonhos, na Avenida dos Aliados. 

De corpo e alma é o que se espera ver, ouvir e sentir do núcleo de crianças, jovens, monitores e convidados que irão encarnar a melhor versão de si mesmos no espetáculo de encerramento da quarta edição do Desporto no Bairro, esta sexta-feira, 22, na Avenida dos Aliados, a partir das 21h00. 

Vamos começar pelo fim, porque mesmo no final há sempre a esperança de um novo começo, uma renovação. No Desporto no Bairro não é exceção. No MXM Art Center, na Rua do Ouro, cruzámo-nos com New Max, a voz dos Expensive Soul. Ao longe, membros do coro Aeternus Cantabile assumiam a batida compassada de uma das suas músicas, cantando o chamamento do refrão: “Vai Joe!”.

Estes são alguns dos convidados especiais que irão assinar um dos momentos mais marcantes do espetáculo de encerramento do programa municipal Desporto no Bairro, que caminha para a sua reedição, em 2024. Assistimos a um dos ensaios gerais antes da grande atuação no palco dos sonhos, na Avenida dos Aliados. 

 

“Vai Joe”, o grito de força 

New Max explica-nos que escolheu este tema “Vai Joe” – do seu último álbum de originais, “Phalasolo” - pelo simbolismo e por ser uma “espécie de grito de força, de querer vencer”. Já conhecia este programa municipal desde a sua génese, pela mão de um amigo de longa data, Max Oliveira (mentor do Desporto do Bairro). “Fiquei muito feliz quando ele [Max] me convidou para esta apresentação nos Aliados”, reconhece. “A nível pessoal está a ser uma experiência enriquecedora e inspiradora” e ver nestas crianças “a entrega, o à-vontade, a espontaneidade e a simplicidade é recompensador”, daí ter escolhido esta música. “Vai Joe!” é, afinal, o grito de resistência do Joe, mas também pode ser o grito de Poliana, de João, de Ruben, de Gonçalo, dos irmãos Marco e Alex, de Roman… e de todos os que participaram, desde 2020, no crescimento deste projeto desportivo, com forte componente social.  

Nuno Sousa, 45 anos, monitor e orientador da modalidade de skate, colabora neste projeto praticamente desde que iniciou. Confessa que gostaria de juntar à divulgação das modalidades de skate, street basket, breaking e surf uma componente vincadamente social, “não irmos somente aos bairros, mas juntar algumas instituições de solidariedade social para dar a conhecer a miúdos e graúdos dessas instituições este grande projeto”. Destaca que o melhor de tudo tem sido “brincar com as crianças a ensinar e desafiá-los a vencer os medos, há muito trabalho de psicologia” para que os miúdos possam confiar nos monitores e mentores do programa, mas também neles próprios. “Aqui não há barreiras e isso transpõe-se noutras dimensões da sua vida”.

Desporto no Bairro sem fronteiras 

Aqui não há barreiras, nem fronteiras. Os medos são para serem vencidos. Os obstáculos para serem transpostos. Todo o trabalho desenvolvido ao longo das quatro edições do Desporto no Bairro assenta nestas premissas, Poliana e Roman, aka XXL, sabem-no bem.  

Roman é um dos monitores e assume a coordenação da modalidade de breaking. Nasceu na Ucrânia e cresceu na Rússia, uma dualidade existencial, diríamos, que parece vincar a convicção com que assumiu este desafio partilhado com as suas ambições enquanto b-boy com provas dadas no circuito nacional e internacional de breaking. Compete ao mais alto nível e é visto pelas centenas de crianças e jovens com o respeito de quem bateu todas as adversidades e está ali para ajudar a vencer. Perguntamos como “define este programa municipal?”, responde-nos depois de uma longa pausa: “Introspeção… aqui estudas-te e aprendes a aceitar-te”. 

Do país natal de Roman, também vem a pequena e articulada Poliana. Ela e a mãe são refugiadas da guerra e encontraram o lugar de abrigo no Porto e o espaço de partilha no Desporto no Bairro. Com nove anos, Poliana é quase como a “mascote” deste programa. No ensaio geral, reparámos que não falhava um tempo, um movimento, uma dica. Afinal, ela – como todas as crianças – querem que este espetáculo nos Aliados resulte. “Espero dançar bem e que todas as pessoas batam palmas. Vou mostrar o que aprendi a todas as pessoas” até porque, confessa-nos num português fluído, “acho que tenho jeito para o breaking, sou tipo elástica [sorri]”. Aqui, no Desporto no Bairro, confessa estar a passar “momentos muito felizes” e no futuro o que pensará Poliana fazer, questionámos. “Gostava muito de trabalhar num jardim zoológico, ensinava os animais a fazer breaking e ginástica para serem sempre felizes”.  

Junto a uma velhinha máquina de jogos Arcade, mesmo à entrada do MXM Art Center, está um grupo de amigos, à espera para ensaiar os quadros do espetáculo. João, com 16 anos, comanda as hostes. A sua ligação com o Desporto no Bairro começou à janela de casa. “Reparei que o ringue [no bairro de Francos] estava diferente com pessoal a dançar e a treinar”, explica-nos. Apercebeu-se de que aquelas pessoas podiam ajudar a chegar mais rápido a cumprir um sonho – aprender a surfar. “Comecei a experimentar e depois nunca mais parei… não quero experimentar outra modalidade, além do surf”.   

“E quem quer falar?”, perguntámos. “Eu, eu, eu…”, responde prontamente Gonçalo, com oito anos. O contacto com este programa da Câmara do Porto é recente. Antes “não fazia nada depois das aulas”, agora, há mais de um ano, pratica breaking e confessa ter feito “muitos amigos” fora da sua morada, o bairro do Lagarteiro.  

E o espetáculo na Avenida dos Aliados nesta sexta-feira, “estão nervosos?”. “Não, no ano passado já atuámos na Super Bock Arena, sabias?”, informa-nos prontamente o endiabrado Ruben, de oito anos. Tem uma energia que nunca mais acaba. O ritmo e as moves parecem fazer parte do seu estado normal. Não para um minuto quieto e o chão parece ser sempre um potencial cypher (o círculo onde tudo acontece). O último ensaio geral, antes do grande acontecimento no coração da cidade será a 21 de dezembro. “Vai ser no dia do meu aniversário!”, atira ao mesmo tempo que nos mostra um footwork num movimento de pés frenético e remata com um freeze, a congelar o movimento numa pose desafiante. “Vai ser especial com os meus amigos todos lá no palco”.  

É assim o Ruben, o miúdo do breaking do Lagarteiro, com sonhos reais e palpáveis, mas que também quer experimentar o skate “acho que para o ano vou experimentar”. “Aqui faço coisas diferentes. Dantes andava só de bicicleta!”. Mas o que gosta mesmo é de “fazer muitos amigos fixes”. 

“Malta, está na hora!!!”, chama Roman para o quadro que vai (re)unir todos os participantes das quatro modalidades do Desporto no Bairro no palco, mesmo no final. “Vai Joe, vai Joe… és o melhor no teu flow!”, ouve-se alto e a bom som. 

 

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