4 Jul 2022, 0:00
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O Presidente de Portugal presidiu à cerimónia de inauguração da 26.ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, na edição onde Portugal é o país convidado de honra de 2022.
Após o concerto de abertura, e da execução dos dois Hinos Nacionais, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa realizou a intervenção de encerramento da cerimónia, em São Paulo.
No seu discurso, realizado na noite de abertura oficial realizada no Sesc Pinheiros, o Chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, fez uma defesa enfática da importância e valorização do livro, nomeadamente como ferramenta educacional para a saída da pobreza das classes menos favorecidas e também para o respeito às diferenças de pensamento e da pluralidade.
“A melhor saída para a pobreza, a mais duradoura, a mais transformadora é a cultura”, reforçou. “É a cultura, porque a cultura implica sempre, se for verdadeira e profunda, liberdade e democracia. E é isso que permite o uso da liberdade de expressão, o direito à crítica, que permite o fomento de alternativas, de diferenças, o respeito do princípio de que não há duas pessoas iguais. Somos todos iguais, mas todos diferentes”, defendeu.
Referindo a honra por Portugal ser o país homenageado, declarou que está representado o Portugal da liberdade, da democracia, “em que é possível ter um Presidente de direita com um Governo de esquerda”. “É o Portugal da juventude, é o Portugal da nova literatura e da nova cultura”, acrescentou.
“Porque ler livros é enriquecer com cultura, é respeitar a tolerância, é cultivar a liberdade. É, mesmo em ditadura, admitir o pluralismo que deve corresponder a pensar diferente. E é isso que faz a diferença entre as sociedades que avançam e as sociedades que não avançam. É a cultura. Não é só a economia, não é só a finança, não é só o panorama social, que é fundamental”.
O presidente também ressaltou a importância da parceria entre os dois países, destacando a riqueza da Língua Portuguesa e afirmando que o Brasil é “uma potência cultural”. “Se a língua portuguesa é importante no mundo é porque há muitos outros países irmãos que têm mais falantes, muito mais falantes, mais leitores e maior projeção nesse mundo” do que Portugal.
“Não há portugueses puros, como não há brasileiros puros. Somos todos cruzamento de todos. E temos honra em sermos cruzamento de todos. E isto é uma lição própria de sociedades cultas, avançadas, progressivas” declarou Marcelo.
O presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Vitor Tavares, destacou a aproximação do livro com o leitor, com a grande procura do público pela Bienal – que disponibiliza uma oferta de mais de 3 milhões de livros nesta edição do evento – e também a importância do fortalecimento do mercado editorial e das livrarias, para que assim aumente a quantidade de leitores e de livros lidos no Brasil.
Entre as atrações culturais, os convidados, incluindo o presidente, ouviram uma orquestra formada por músicos imigrantes e refugiados, em São Paulo, a ‘Orquestra Mundana Refugi’.
O Presidente português viajou de Lisboa para o Rio de Janeiro, onde chegou no sábado para participar numa sessão comemorativa do centenário da travessia aérea do Atlântico Sul por Gago Coutinho e Sacadura Cabral.
Em São Paulo, uma reunião com Lula da Silva, na residência oficial do cônsul de Portugal em São Paulo, aconteceu no domingo de manhã. Depois de visitar a Bienal do Livro de São Paulo, seguiu-se uma reunião com o ex-Presidente do Brasil, Michel Temer, num hotel de São Paulo.
O programa em São Paulo termina com uma recepção à comunidade portuguesa, no consulado geral de Portugal.
Depois a agenda segue para Brasília, porém o presidente Jair Bolsonaro anunciou à comunicação social que tinha decidido cancelar o almoço entre os dois, o que justificou com o fato de Marcelo Rebelo de Sousa se encontrar com Lula.
Marcelo Rebelo de Sousa disse que aguardava por uma eventual comunicação por escrito do seu homólogo brasileiro a cancelar o convite, feito também por escrito, para esse encontro seguido de almoço no Palácio Itamaraty, em Brasília.