27 Dec 2022, 0:00
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Um empresário raptado há mais de uma semana foi encontrado morto na madrugada de hoje na província de Maputo, sul de Moçambique. Segundo a polícia, a vítima apresentava ferimentos e sinais de agressão.
Trata-se de Paulo Caetano, de cerca de 50 anos, um dos fundadores da JP Caetano, empresa das Meirinhas que durante muitos anos se dedicou à venda de máquinas usadas para obras públicas e construção civil.
Paulo Caetano estava há oito anos em Moçambique, onde tinha negócios de compra e venda de máquinas industriais.
Segundo declarações do secretário de Estado das Comunidades à Lusa, o empresário foi encontrado morto depois de ter sido raptado, e de o resgate exigido ter sido pago. Terão passado “poucas horas entre o pedido do pagamento do resgate e o assassinato deste cidadão”.
“Depois de ter sido objeto de um rapto, e depois de ter sido pago o resgate desse rapto, apareceu morto hoje [domigo] ao final da tarde”, afirmou José Luís Carneiro, que sublinhou tratar-se de “um caso grave, de morte, nas imediações de Maputo”.
“Não vemos ligações com outros casos que têm vindo a ocorrer no Norte do país, na jurisdição da Beira. Este caso, vamos aguardar pelas investigações, mas é o resultado de um rapto e da exigência de um pagamento para libertar o cidadão. O pagamento foi realizado, mas ainda assim sucumbiu às mãos dos criminosos”, disse o governante à Lusa.
Maputo e outras cidades moçambicanas, principalmente as capitais provinciais, voltaram a ser palco de uma onda de raptos desde 2020, visando principalmente empresários ou seus familiares.
Moçambique registou, entre janeiro e novembro, 11 raptos e 27 detenções ligadas aos crimes, segundo dados avançados pela ministra do Interior, Arsénia Massingue.
"Os raptores abandonaram-no na via pública e comunicaram a família, que foi lá buscar o corpo", explicou à Lusa Henrique Mendes, porta-voz do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) na província de Maputo.
Segundo a polícia, o empresário, raptado no dia 14 de dezembro, foi abandonado na zona de Txumene, nos arredores de Maputo, e apresentava ferimentos e sinais de agressão.
O empresário foi raptado em frente a um dos seus estabelecimentos comerciais na Matola, por um grupo armado.
Um vídeo das captado por câmaras de vigilância no local do crime mostra o momento exato em que o grupo, composto por quatro homens, arrasta o empresário para uma viatura à luz do dia.
Maputo e outras cidades moçambicanas, principalmente as capitais provinciais, voltaram a ser palco de uma onda de raptos desde 2020, visando principalmente empresários ou seus familiares.
Moçambique registou, entre janeiro e novembro, 11 raptos e 27 detenções ligadas aos crimes, segundo dados avançados pela ministra do Interior, Arsénia Massingue.
Numa avaliação sobre a criminalidade, apresentada no início de junho, a procuradora-geral da República de Moçambique, Beatriz Buchili, referiu que os crimes de rapto têm vindo a aumentar e os grupos criminosos têm ramificações transfronteiriças, mantendo células em países como África do Sul.
Segundo a magistrada, há vítimas "constantemente chantageadas" mesmo depois de libertadas, continuando a pagar quantias em dinheiro para garantir que não voltam a ser raptadas.