9 May 2022, 0:00
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Marlene Oliveira é uma das Comissárias da exposição “Teima em ser Poesia / Résolument Poésie” com obras do surrealista português Cruzeiro Seixas, patente ao público até 14 de maio na sede da Unesco, em Paris.
A exposição foi inaugurada no Dia Mundial da Língua Portuguesa, 5 de maio, pela Embaixadora de Portugal junto da Unesco, Rosa Batoréu, e pelo Presidente da Fundação Cupertino de Miranda, Pedro Álvares Ribeiro. Discursou também Perfecto E. Cuadrado, Coordenador do Centro Português do Surrealismo da Fundação Cupertino de Miranda.
O embaixador de Portugal junto da OCDE, Manuel Lobo Antunes, o Cônsul-Geral de Portugal em Paris, Carlos Oliveira, entre muitos outros, foram os convidados, dos quais se destaca o Ministro angolano da Cultura, Filipe Zau.
Esta exposição foi pensada e realizada propositadamente para o Dia Mundial da Língua Portuguesa que se comemorou pela primeira vez no dia 5 de maio de 2020. "Cruzeiro Seixas representava tudo o que pretendíamos também para esse dia porque tem, para além das obras de arte, a poesia, a literatura, os ‘diários não diários’ com todos os pensamentos dele, todas as ligações dele à literatura, aos artistas, aos autores. Esta exposição foi pensada também com o próprio artista. Felizmente pude desenhar esta exposição, selecionar grande parte das obras que estão nesta exposição, com ele. Ele pode dizer aquilo que gostava de ver representado, ou seja, tive o trabalho um bocadinho mais facilitado nesse sentido. Porque a Fundação tem mais de 400 obras de Cruzeiro Seixas e está aqui um núcleo de cerca de 60/70 obras dele.
Muitas das obras estão relacionadas com literatura, são homenagens a grandes escritores portugueses, nomeadamente Mário Cesariny, Mário Sá Carneiro, a própria freira Mariana Alcoforado que podemos ver também nesta exposição. Depois há aqui também a temática mais pessoal, a sua presença em Angola, como podemos ver nas cores de algumas obras. Foi o período de Angola, representa a saudade dele no período que esteve mais ausente. Temos por exemplo a Titânia, que foram desenhos perdidos pelo Mário Cesariny para o livro ‘A Titânia’. Há aqui uma ligação intrínseca à literatura portuguesa, à língua portuguesa e daí termos aqui uma grande parte das obras relacionadas também com a literatura".
"Cruzeiro Seixas gostava muito de Paris e visitava Paris com muita regularidade, para estar também com a Isabel Meyrelles, que vive cá em Paris há muitos anos. Quer ele, quer o Mário Cesariny visitavam constantemente a cidade e os amigos que tinham cá. Ele esteve representado com uma ou outra obra, mas não com uma exposição desta dimensão. Felizmente para nós que podemos trazer esta exposição porque apesar de não estar cá, de ter falecido apenas a 25 dias de ter completado 100 anos, ele tinha o sonho de vir cá e de ter esta exposição. Esta era realmente uma exposição de sonho para ele, por ser na cidade de Paris, a cidade do amor, a cidade da luz. Sonhava ter uma grande exposição individual aqui. Temos mais de 130 artistas representados na nossa coleção, mas optamos sempre por cumprir o sonho do artista da exposição individual", concretiza Marlene Oliveira.
A exposição pode ser visitada da sede da Unesco, em Paris, durante a semana e excecionalmente, no dia 14 de maio, por ocasião da Noite Europeia dos Museus.