29 Apr 2022, 0:00
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Fernanda Ribeiro, directora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), confirmou ao Público que foi aberto um inquérito administrativo na sequência de uma queixa-crime apresentada por uma estudante que acusa um professor da instituição de a ter coagido a ter relações sexuais.
A queixa foi apresentada no dia 21 de abril, numa esquadra da PSP, tendo o inquérito administrativo sido aberto na sequência disso.
Segundo a aluna, em setembro de 2021, depois de ter pedido ao docente orientação sobre um artigo que estava a escrever, este "colocou a mão em cima das minhas pernas, acariciou-me o busto, tocou os meus seios. Fiquei petrificada. Não soube o que dizer, o que fazer... Quando me dei conta, pedi para ele parar, levantei-me e saí da sala", cita o Público.
Numa segunda ocasião, em que a aluna compareceu no seu gabinete com a expectativa "de que ouviria uma admissão de erro, um pedido de desculpa (...). Aconteceu a mesma coisa, só que desta vez eu não consegui sair da sala. Fiquei petrificada. Ele coagiu-me a ter relações sexuais".
Segundo a queixosa, o professor "abusava da sua autoridade a fim de ter relações sexuais". "Ele disse que tinha poder para prejudicar as minhas notas, podia fazer com que fosse expulsa da faculdade”.
A aluna diz ainda que os encontros entre ambos terão ocorrido com uma regularidade quase semanal e que em fevereiro descobriu que estava grávida. "Ele ficou furioso comigo. Ele foi violento comigo pela primeira vez. Ele empurrou-me e eu caí no chão”. Em março, conta, sofreu um aborto espontâneo.
A jovem diz que se manteve em silêncio vários meses porque temeu que ninguém acreditasse nela. No entanto, o agravamento da depressão que sofrera durante a adolescência e pela qual continuava a ser acompanhada, assim com as notícias de que a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa criou uma conta de e-mail para receber denúncias de más práticas de docentes, tendo aberto três inquéritos, levaram-na a fazer queixa à direção da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.