Igreja portuguesa sabia das acusações de abuso sexual a Ximenes Belo

O jornal holandês "De Groene Amsterdammer" publicou testemunhos de alegadas vítimas de abusos sexuais, quando eram menores. Crimes que terão sido cometidos durante vários anos pelo ex-administrador apostólico de Díli e Nobel da Paz Ximenes Belo. Na edição online, dois homens revelam terem sido vítimas de abuso, mas aquele jornal diz ter ouvido várias vítimas e 20 pessoas com conhecimento de casos, incluindo "individualidades, membros do Governo, políticos, funcionários de organizações da sociedade civil e elementos da Igreja".

“Vi as declarações da Santa Sé, através da Nunciatura, à Lusa, e para já ficamos à espera dos próximos passos, dos próximos desenvolvimentos, por parte da entidade legitima, com credibilidade, que depois nos pode orientar sobre como gerir esta situação”, disse José Ramos-Horta, à Lusa, à chegada a Díli, depois de participar na Assembleia Geral da ONU.

O Presidente da República de Timor-Leste preferiu hoje não comentar as suspeitas de abusos sexuais alegadamente cometidos pelo ex-administrador apostólico de Díli, Ximenes Belo, aguardando por informações da Santa Sé.

O Nobel da Paz Ximenes Belo, ex-bispo de Díli, foi acusado de abusar sexualmente de menores nas décadas de 1980 e 1990, em Timor-Leste. Os casos seriam do conhecimento de várias entidades, incluindo a Igreja portuguesa, há mais de uma década.

 

“Quero esperar até novos desenvolvimentos por parte da Santa Sé”, reiterou o líder timorense, que em 1996 foi agraciado, ao mesmo tempo que Ximenes Belo, com o Nobel da Paz.

O chefe de Estado referia-se a declarações à Lusa do representante máximo do papa em Timor-Leste, o monsenhor Marco Sprizzi, que na quarta-feira disse que o caso de Ximenes Belo está nas mãos dos órgãos competentes da Santa Sé, sem confirmar se o prelado foi ou não investigado por abusos de menores.

“Pessoalmente não posso nem confirmar nem desmentir porque é uma questão de seriedade da minha parte, visto a competência ser dos meus superiores na Santa Sé”, disse Sprizzi.

“Esta questão deve ser dirigida diretamente à Santa Sé”, referiu, quando questionado sobre a veracidade das denúncias de abusos de menores alegadamente cometidos ao longo de vários anos por Ximenes Belo, hoje a residir em Portugal.

Marco Sprizzi explicou que o caso “está à atenção dos Dicastérios competentes da Santa Sé e da Secretaria de Estado de sua Santidade o Papa Francisco”, numa referência a estruturas que integram a Cúria Romana.

“Mais de metade das pessoas pessoalmente conhecem uma vítima dos abusos e outras têm conhecimento do caso. O De Groene Amsterdammer falou com outras vítimas que recusaram contar a sua história nos media”, refere a jornalista Tjirske Lingsma.

“O Paulo e Roberto”, as duas alegadas vítimas entrevistadas para o artigo — que pediram o anonimato -, “conhecem outras vítimas”, refere o jornal, um dos principais semanários do país.

Os contornos da saída de Ximenes Belo de Timor-Leste, em novembro de 2002, nunca foram totalmente clarificados pelo Vaticano, com o assunto a tornar-se tabu no país.

Outras fontes da igreja em Timor-Leste, ouvidas pela Lusa, explicaram que “nenhuma vítima” denunciou alegados abusos, de forma presencial, tanto na Nunciatura como na Igreja timorense, não havendo informações de qualquer denúncia junto das autoridades civis.

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