Louvre mostra as "Três Graças" em cortiça de Cabrita Reis a partir de 13 de fevereiro

Três Graças assentará no Jardim das Tulherias entre Fevereiro e Outubro de 2022, no contexto da Temporada Cruzada Portugal-França. É a estreia do artista na cortiça e no prestigiado museu parisiense. 
A escultura representa uma "visão contemporânea" das Três Graças da mitologia grega. A encomenda do museu parisiense ao artista português foi feita no contexto da Temporada Cruzada Portugal-França, iniciativa bilateral, envolvendo vários domínios, que decorrerá entre Fevereiro e Outubro de 2022.
A reinterpretação das "Três Graças", em cortiça, ao Jardim das Tulherias, em Paris, a convite do Museu do Louvre, de 13 de fevereiro e meados de junho. 
“As ‘Três Graças’ interessam-me porque atravessam a história da arte europeia desde a antiguidade clássica grega. Resistiram a todas as erosões, todas as diferenças de pensamento, processos históricos, mudanças de paradigmas políticos, ideológicos, revoluções”, afirma, em entrevista à agência Lusa.
Estas figuras “vêm lá do fundo, muito antes da democracia ateniense, passam pelo Império Romano, chegam à Idade Média, têm um momento de brilho ainda mais acentuado no Renascimento, voltam a reaparecer no século XVII e XVIII com Rubens, e chegam até à modernidade com Picasso, Matisse, e tudo isso”, detalha.
Quando recebeu o repto, a ideia veio “de imediato”, conta, não só porque sempre se quis debruçar sobre estas figuras, mas também porque lhe interessou “a colocação num espaço público”.
“Começo por fazer umas pequenas maquetes, a partir de figuras, daquelas que se vendem, ‘kitsch’, os santinhos e santinhas de toda a qualidade, e a partir dessas figuras trabalho. Corto-as, recolo-as, transformo, aglutino fragmentos de diversas figuras que ganham depois uma autonomia e presença abstrata e não localizável do ponto de vista de iconografia. Não se sabe se é um Santo António ou uma Nossa Senhora da Conceição. É apenas um conjunto de objetos em pedra ou em gesso aglutinados”, relata.
Essas maquetes foram depois enviadas para uma empresa “faz maquinação robótica” e “passam aquilo para um programa vetorial em computador que dá ordens a um braço robótico”.
Foi esse braço robótico que esculpiu os blocos criados pela Corticeira Amorim, juntando “cortiça com outras matérias que, não hipotecando a ecologia e sustentabilidade, dão-lhe uma resistência que permite estar, como estas vão estar”, ao ar livre.
Cada peça tem cerca de 4,50 metros e pesa aproximadamente 500 quilos, a que se somam os 400 quilos da base que as sustenta.
São quatro fragmentos ‘cortados’ por “blocos de matéria-prima” não trabalhada que “aparecem integrados na escultura, e com isso dilatam o tempo de entendimento da escultura”.
Para Cabrita Reis, os três corpos femininos, que são representados ao longo da história, interessam não pelo corpo, mas pela sua persistência na história.
“Desde logo, é um corpo. Há uma imagem antropomórfica que não é preciso fazer um grande esforço para se entender, ou melhor ainda, para se subentender, um corpo por ali”. 
“As ‘Três Graças’ são três figuras femininas entrelaçadas entre si, três irmãs que nunca se afastam. Em toda a História da Arte, as Três Graças foram sempre representadas naquilo que se convencionou ser a forma de representação — uma de costas e duas de frente, todas entrelaçadas, abraçadas entre si, mas nunca, jamais, em tempo algum, separadas”.
As esculturas que vão ocupar o Jardim das Tulherias “estão conceptualmente unidas, não estão fisicamente unidas”, explica.
“Há quem defenda a ideia de que os monumentos são manifestações obsoletas. Monumentos a generais que se distinguiram em guerras de massacre colonial são obsoletos, claro que são. Agora o conceito de monumento, a sociedade sempre definiu que um monumento celebrava qualquer coisa. As classes dominantes sempre se celebraram a si próprias através de figuras. Provavelmente, o que é preciso rever é qual é a matéria da representação. Não é o monumento em si. (…) O que se transforma é o que se faz, a maneira como se olha, as preocupações”.
O artista defende que “os monumentos não estão obsoletos, o que está é o uso deles sob determinados prismas históricos”.
As “Três Graças” de Cabrita Reis ficam em exibição no Jardim das Tulherias, a convite do Museu do Louvre, no âmbito da Temporada Cruzada França-Portugal 2022, de 13 de fevereiro até meados de junho.
A sua obra está representada em coleções de instituições internacionais como a Tate Modern, em Londres, a Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, a Hamburger Kunsthalle, em Hamburgo, e a Fundação de Serralves, no Porto.

 

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