12 Dec 2021, 0:00
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Ala Pediátrica do Hospital São João, no Porto, foi finalmente inaugurada, dez anos depois de o "Joãozinho" ter sido idealizado. Depois das polémicas, dos avanços e de dois anos de obra em plena pandemia, as crianças do Norte (e do país) têm um novo espaço com valências modernas e algumas únicas em Portugal.
Este sábado foi de festa na nova Ala Pediátrica do Centro Hospitalar Universitário São João (CHUSJ), no Porto. Ala que é, na verdade, um "hospital pediátrico integrado" no maior hospital do norte do país. Erguido dos contentores e das polémicas de avanços e recuos, a obra está acabada e com o bloco operatório prestes a iniciar o funcionamento também.
O projeto nasceu em 2009; anos depois, a 3 de março de 2015, foi lançada a primeira pedra da obra pelo então primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
O prazo para construir esta ala era de dois anos — mas um ano depois de a primeira pedra ser celebrada, já estava tudo parado. É que o projeto, orçado em cerca de 25 milhões de euros, era para ser financiado por fundos privados, angariados através da associação humanitária “Um Lugar Pró Joãozinho” que doaria a obra ao centro hospitalar.
Através de um acordo de cooperação, o hospital comprometeu-se a ceder à associação a utilização de uma parcela de um imóvel nas suas instalações. Em 2016, a obra parou depois de o centro hospitalar defender que só seria possível fazê-la com investimento público devido ao “desfasamento entre as verbas angariadas [pela associação] e o orçamento total da obra”.
As crianças em contentores, os serviços a degradar-se. Após um impasse de vários anos, em abril de 2019, a Associação Joãozinho abandonou definitivamente a construção do novo espaço. O presidente da associação, Pedro Arroja, explicava na altura que a ala pediátrica já poderia estar concluída e paga se “não fossem os impedimentos colocados pela administração do hospital e pelo governo”.
No verão desse mesmo ano, em julho, o internamento das crianças nos 36 contentores do hospital acabou e as estruturas provisórias que duraram cerca de dez anos foram desmontadas. À época, a deslocação das crianças para as camas pediátricas no edifício principal do hospital foi possível através da utilização de espaços deixados livres com a relocalização de outros serviços.
Hoje, porém, os médicos deixam de ter de percorrer corredores e corredores para chegar aos doentes. As crianças têm espaços pensados para elas. São mais de 13 mil metros quadrados, com capacidade para 100 camas e 700 trabalhadores, entre blocos operatórios, unidades de cuidados intensivos neonatais e a primeira unidade de queimados pediátricos do país. Neste momento, estão já 21 crianças na nova ala.
Mas neste espaço somam-se também valências como a cardiologia pediátrica, cirurgia cardíaca e de intervenção, oncologia pediátrica, grande trauma e resposta a doentes neurocríticos. Isto para além das áreas lúdicas, que incluem salas com brinquedos, instalações luminosas — e várias consolas de última geração, numa sala decorada com as cores do FC Porto e com uma mensagem simples: "juntos venceremos".
O sonho de termos esta ala é um sonho que tem mais de dez anos, houve muitas oportunidades de poder ser resolvida, mas a verdade é que foi preciso fazer acontecer esse sonho porque os sonhos ou acabam quando acordamos ou se transformam em realidade”.x
Na inauguração da nova ala estiveram o primeiro-ministro, António Costa, a ministra da Saúde, Marta Temido, o presidente do Conselho de Administração do CHUSJ, Fernando Araújo, vários presidentes de câmaras, como o da câmara do Porto, Rui Moreira, o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, e o bispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar, provedor dos doentes do São João.