13 Jun 2023, 0:00
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Chefe de Estado defende que os comportamentos de um grupo "muito pequeno" de professores não espelham "aquilo que a maioria sente" e garante que não se sentiu ofendido pelas t-shirts com a sua caricatura, apontando: "Não ofende quem quer, só ofende quem pode."
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu esta segunda-feira que a classe docente não pode ser punida pelo comportamento de uma "minoria muito minoritária que radicaliza" ataques e garantiu que não se sentiu ofendido pelas t-shirts envergadas pelos professores durante o protesto no 10 de Junho.
Em declarações aos jornalistas antes de assistir ao desfile das marchas populares em Lisboa, e questionado sobre os cartazes com que o primeiro-ministro António Costa foi confrontado e que este apelidou de racistas, Marcelo Rebelo de Sousa começou apenas por responder que "não ofende quem quer, ofende quem pode".
Sem querer comentar a atitude do primeiro-ministro em específico, perante a insistência dos jornalistas, o Presidente da República acabou por comentar o caso, mas apenas na sua ótica.
"Eu estava lá e vi que eram 200 ou 300 professores e havia 20 ou 30 com um determinado tipo de comportamento", explicou, recordando ter visto também t-shirts alusivas à sua pessoa e estar por isso "à vontade" para falar sobre o tema.
"Do mesmo modo que é injusto punir uma classe pela conduta de um grupo muito pequeno dentro da classe, também o Governo e o Presidente da República e os partidos são os primeiros a saber que, ao examinar-se a questão dos professores, não é isso que serve de argumento para ter uma posição mais ou menos favorável", garantiu.
Para Marcelo, "não se pode confundir" toda a classe profissional com uma "minoria muito, muito pequena de professores que tenham radicalizado o seu comportamento".
Lembrando que avisa "há muito tempo" que há um "risco para um setor minoritário dos professores, que é o de radicalizar os ataques", o Presidente da República assinalou que a "maioria esmagadora" dos docentes "não tem nada a ver com aquilo".
"O comportamento é de uma minoria muito minoritária, que radicaliza e não diz aquilo que a maioria sente", sublinhou, rematando a conversa com a garantia de que não se sentiu ofendido: "A mim não me ofendem porque não é quem quer, é quem pode."
Em causa está a polémica em torno dos cartazes exibidos durante um protesto de professores que aproveitaram o 10 de Junho para se manifestarem no Peso da Régua e que António Costa considerou "um pouco racistas".
Os cartazes continham uma caricatura do primeiro-ministro com nariz de porco e um lápis espetado em cada olho.
Ao chegar ao local das cerimónias oficiais militares do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas que, este ano decorreram na cidade da Régua, distrito de Vila Real, a mulher do primeiro-ministro, Fernanda Tadeu, exaltou-se com alguns dos comentários dos professores em protesto.
Inicialmente, António Costa pediu à mulher para não responder aos comentários, mas depois virou-se para trás e gritou "racista", visivelmente exaltado.
Mais tarde, em declarações aos populares que o esperavam, o primeiro-ministro considerou que os protestos fazem "parte da liberdade e da democracia".
"Com melhor gosto, com pior gosto, com estes cartazes um pouco racistas, mas pronto, é a vida", frisou.
Lusa