Marcelo diz ser "injusto" punir professores por causa de "minoria muito minoritária que radicaliza"

Chefe de Estado defende que os comportamentos de um grupo "muito pequeno" de professores não espelham "aquilo que a maioria sente" e garante que não se sentiu ofendido pelas t-shirts com a sua caricatura, apontando: "Não ofende quem quer, só ofende quem pode."

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu esta segunda-feira que a classe docente não pode ser punida pelo comportamento de uma "minoria muito minoritária que radicaliza" ataques e garantiu que não se sentiu ofendido pelas t-shirts envergadas pelos professores durante o protesto no 10 de Junho.

Em declarações aos jornalistas antes de assistir ao desfile das marchas populares em Lisboa, e questionado sobre os cartazes com que o primeiro-ministro António Costa foi confrontado e que este apelidou de racistas, Marcelo Rebelo de Sousa começou apenas por responder que "não ofende quem quer, ofende quem pode".

Sem querer comentar a atitude do primeiro-ministro em específico, perante a insistência dos jornalistas, o Presidente da República acabou por comentar o caso, mas apenas na sua ótica.

"Eu estava lá e vi que eram 200 ou 300 professores e havia 20 ou 30 com um determinado tipo de comportamento", explicou, recordando ter visto também t-shirts alusivas à sua pessoa e estar por isso "à vontade" para falar sobre o tema.

"Do mesmo modo que é injusto punir uma classe pela conduta de um grupo muito pequeno dentro da classe, também o Governo e o Presidente da República e os partidos são os primeiros a saber que, ao examinar-se a questão dos professores, não é isso que serve de argumento para ter uma posição mais ou menos favorável", garantiu.

Para Marcelo, "não se pode confundir" toda a classe profissional com uma "minoria muito, muito pequena de professores que tenham radicalizado o seu comportamento".

Lembrando que avisa "há muito tempo" que há um "risco para um setor minoritário dos professores, que é o de radicalizar os ataques", o Presidente da República assinalou que a "maioria esmagadora" dos docentes "não tem nada a ver com aquilo".

"O comportamento é de uma minoria muito minoritária, que radicaliza e não diz aquilo que a maioria sente", sublinhou, rematando a conversa com a garantia de que não se sentiu ofendido: "A mim não me ofendem porque não é quem quer, é quem pode."

Em causa está a polémica em torno dos cartazes exibidos durante um protesto de professores que aproveitaram o 10 de Junho para se manifestarem no Peso da Régua e que António Costa considerou "um pouco racistas".

Os cartazes continham uma caricatura do primeiro-ministro com nariz de porco e um lápis espetado em cada olho.

Ao chegar ao local das cerimónias oficiais militares do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas que, este ano decorreram na cidade da Régua, distrito de Vila Real, a mulher do primeiro-ministro, Fernanda Tadeu, exaltou-se com alguns dos comentários dos professores em protesto.

Inicialmente, António Costa pediu à mulher para não responder aos comentários, mas depois virou-se para trás e gritou "racista", visivelmente exaltado.

Mais tarde, em declarações aos populares que o esperavam, o primeiro-ministro considerou que os protestos fazem "parte da liberdade e da democracia".

"Com melhor gosto, com pior gosto, com estes cartazes um pouco racistas, mas pronto, é a vida", frisou.

 

Lusa

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