18 May 2022, 0:00
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Marcelo não é o único português condecorado em Timor-Leste
O Presidente timorense, Francisco Guterres Lú-Olo, vai condecorar no último dia do seu mandato o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, e o governador-geral australiano, David Hurley, disse à Lusa fonte da Presidência.
Hoje, quarta-feira, o Presidente da República timorense condecoru o padre jesuíta João Felgueiras, que cumpre 101 anos em junho, com o Colar da Ordem de Timor-Leste, destacando a sua “larga dedicação ao povo timorense”, desde que chegou ao território em 1971. Na quinta-feira, vai ser conde
Considerando o padre “um ser humano exemplar e a todos os níveis”, Francisco Guterres Lú-Olo refere no decreto de condecoração que João Felgueiras “é um exemplo de atos excecionais de abnegação e sacrifício pelo país e pela humanidade”.
“A sua ação na defesa e na implantação da língua portuguesa em Timor-Leste é digna de ser louvada e respeitada por todos. O padre João Felgueiras é um exemplo de coragem para todos aqueles que acreditam nas suas convicções. É, igualmente, um exemplo de resistência de luta contra a opressão dos povos”, considera.
Lú-Olo destaca o papel do Fundo de Ajuda Caritativa Social da Companhia de Jesus – Comunidade Amigos de Jesus, criado ainda antes da Restauração da Independência e que “concedeu muitas centenas, talvez milhares de bolsas a jovens timorenses que, assim, obtiveram graus de licenciatura ou bacharelato e hoje, alguns deles, ocupam lugares de destaque em Timor-Leste”.
“O padre João Felgueiras é uma pessoa estimada, admirada e respeitada por todos os timorenses, sendo de assinalar o seu trajeto de vida e a obra que tem desenvolvido em Timor-Leste, quer no que respeita à atividade religiosa, quer à atividade de escolarização de muitos timorenses”, refere Francisco Guterres Lú-Olo no decreto de condecoração.
Vários outros portugueses foram também homenageados, incluindo Teresa Coelho, condecorada com a Insígnia da Ordem de Timor-Leste, e a quem o Presidente reconheceu o contributo que tem dado ao país desde 2000, desde a assessoria técnica passando pelo voluntariado.
“Entre os seus muitos contributos destaca-se a conceção técnica do sistema e de medidas de segurança social de Timor-Leste e o Plano de Recuperação Económica. Um sistema de segurança social é tecnicamente muito exigente. Precisa de apoio e de empenho e dedicação dos timorenses”, disse, referindo o papel de formação de timorenses nas várias áreas técnicas.
“É de toda a justiça prestar público reconhecimento à doutora Teresa Coelho por todo o trabalho realizado a favor de Timor-Leste e dos timorenses, trabalho realizado com elevada competência e sentido de responsabilidade, revelando sempre grande disponibilidade nas muitas funções que lhe foram confiadas”, explica.
Destaca ainda, entre outros aspetos, as suas qualidades humanas, a reconhecida competência técnica, o rigoroso espírito de serviço público e o empenho em todos os trabalhos e missões que lhe foram confiados.
Durante a cerimónia desta quarta-feira, que decorreu no Palácio Nobre de Lahane, o chefe de Estado conferiu a Insígnia da Ordem de Timor-Leste à portuguesa Ana Mónica Carvalho, assessora no Parlamento Nacional.
No decreto de condecoração, o Presidente refere que a assessora “sempre desempenhou as suas funções com elevado profissionalismo e grande competência, evidenciando sempre um nível de compromisso raro e uma capacidade de trabalho extraordinária”.
Do ponto de vista humano, disse, destacam-se as suas “qualidades excecionais, em termos da integridade, solidariedade, lealdade, discrição, altruísmo e espírito de equipa, que a caracterizam”, tendo demonstrado ser “uma exemplar servidora pública”.
O chefe de Estado sublinha ainda a sua “atitude proativa e colaborativa, e a competência que a sua experiência e conhecimento trouxeram a muitos processos, a qual só foi possível pelo seu competente desempenho profissional”.
O Presidente condecorou com o Colar da Ordem de Timor-Leste o chefe da Casal Civil, Francisco Maria de Vasconcelos, destacando, entre outros aspetos “grande verticalidade de caráter, lealdade, apurado sentido ético e inexcedível capacidade de trabalho”.
Lú-Olo destaca ainda o seu “apurado sentido de análise, o bom senso demonstrado nas situações de pressão e de complexidade, conciliando vontades e impulsionando os processos e as ações adequadas para atingir os objetivos que lhe foram fixados, o que permitiu constituir uma equipa de trabalho coesa e imbuída de grande espírito de missão”.
Com a Medalha da Ordem de Timor-Leste foi condecorado o chefe da Casa Militar, coronel Antonio Soares da Silva (Mau Kalo), com o chefe de Estado a destacar a forma empenhada como desempenhou funções.
“Pude testemunhar a forma enérgica e muito determinada como o coronel Mau Kalo abraçou a sua missão, colocando toda a sua experiência e iniciativa em benefício da Presidência da República. Possuidor de uma lealdade inquestionável, frontalidade de atitudes e firmeza de convicções, sempre revelou enorme coragem moral e grande espírito de bem servir, características que vincadamente marcaram o seu desempenho como meu colaborador direto no apoio à decisão.
Foi ainda condecorado com o Colar de Ordem de Timor-Leste um dos assessore de Lú-Olo, e figura história da resistência timorense no exterior, Roque Rodrigues e, com o grau de Medalha, vários outros funcionários e assessores da Presidência, entre eles o coronel português Jorge Graça e o assessor jurídico Jorge Gonçalves.
Foram ainda condecorados com a Medalha da Ordem de Timor-Leste os timorenses Filomena Almeida, Leni Santos Fernandes, Jorge Manuel Ferreira da Graça e José António do Rosário Soares.
Com o grau Insígnia foram reconhecidos 14 outros funcionários e assessores, incluindo a portuguesa Clarissa da Silva.
Nestes casos, Lú-Olo quis “reconhecer publicamente vários colaboradores da Presidência da República pela forma como souberam desempenhar as suas funções durante o meu mandato, sendo-me grato assinalar, em particular, a dedicação e lealdade demonstrada, o que permitiu um desempenho profissional de elevada qualidade”.
Destacou ainda o “espírito de colaboração que sempre souberam demonstrar no exercício das suas funções contribuiu também, de forma inequívoca, para o bom funcionamento da Presidência da República”.
Na cerimónia foram ainda entregues Medalhas de Mérito a 48 outros colaboradores timorenses da Presidência.