22 Oct 2024, 9:12
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Na sequência da conferência internacional "Segurança Urbana 5.0 – Os Desafios na Era da Inteligência", que decorreu, esta segunda-feira, no edifício dos Paços do Concelho, Rui Moreira falou sobre os desafios da segurança das cidades em pleno século XXI. O autarca salientou que o tráfico de droga e a proliferação de atividades económicas ilegítimas colocam em causa a tranquilidade do Porto.
"Portugal não consegue estar livre do tráfico de droga. Um quilo de cocaína quando atravessa o Oceano Atlântico multiplica o valor por dez, o que representa uma enorme ameaça à nossa forma de viver. No Porto, o dinheiro gerado pelo tráfico de droga é superior ao orçamento municipal", alertou o presidente da Câmara, na sessão de encerramento da conferência internacional.
Sobre o problema da comercialização de estupefacientes, o autarca portuense constatou que "as pessoas que pagam esse montante para consumir têm de obter o dinheiro de alguma forma", o que acaba por ter "um enorme impacto na pequena e média criminalidade".
"Quando me assaltam o carro para roubar um produto que vai ser vendido no ferro velho por 20 euros provoca-me um dano de 500. Isto cria na população uma enorme intranquilidade e, ao mesmo tempo, é uma destruição de valor", constatou.
Neste sentido, Rui Moreira referiu que a transação de dinheiro no âmbito da economia paralela constitui um problema que afeta diretamente a vida dos cidadãos. "Onde é que esse dinheiro está? Todos nós compreendemos que, na nossa sociedade, temos um conjunto de exibições de riqueza que não são exequíveis com os rendimentos que as pessoas auferem legitimamente", destacou, apelando: "Há uma matéria absolutamente imperiosa que é tratar daquilo que é a lavagem de dinheiro".
No que diz respeito à proliferação de lojas sem regulamentação, o presidente da Câmara voltou a insistir que "há determinadas atividades económicas que mais não são do que lavandarias de dinheiro", o que é "perigoso", pois “têm um impacto direto na economia das cidades”.
Nas palavras de Rui Moreira, a única solução para colocar um ponto final nesta situação é tomar medidas que respondam aos desafios em causa. "Regular é fiscalizar, intervir e ser intolerante relativamente a este fenómeno", sublinhou.
Rui Moreira defendeu ainda que, apesar de o poder central ter o domínio destes assuntos, os municípios são uma peça fundamental na deteção de prioridades. "O facto de conhecermos as pedras da calçada, os moradores, os fenómenos, o tecido comercial, permite-nos colaborar com quem tem a ação fundamental: os órgãos da polícia. É uma missão de complementaridade".
Assim, o autarca voltou a lembrar a importância da instalação de videovigilância nas ruas da cidade. "É preciso que estejam [os agentes] munidos de meios tecnológicos. Precisamos de videovigilância. Não para substituir o papel das polícias, mas para ajudar a polícia naquilo que é a prevenção e combate da criminalidade", referiu, uma semana após o Ministério da Administração Interna ter consentido a instalação de mais 117 câmaras na Invicta.
Presente na conferência, o secretário de Estado da Administração Interna, Telmo Correia, garantiu que o tema da videovigilância é uma prioridade para o Governo.
"Temos todo o empenho em fazer avançar a videovigilância. A videovigilância está no programa eleitoral da Aliança Democrática, está no programa do Governo, é um meio tecnológico, que a par de outros, é fundamental para promover com a segurança. Queremos fazê-la avançar, respeitando as melhores práticas e isso obriga-nos, tal como indica o organismo competente em termos de proteção de dados, a ter respeito pelos direitos fundamentais", frisou.
O governante destacou que "a videovigilância não substitui os polícias, mas é um meio essencial de deteção". Sobre os atrasos no processo do Porto, Telmo Correia notou que a aprovação foi dada em tempo "recorde", sobretudo "quando comparada com outros processos".
Na sua intervenção, o secretário de Estado ressalvou ainda que, nesta matéria, "a parceria com as autarquias é fundamental", já que, "ninguém melhor do que as autarcas sabe onde estão os problemas".
Para encerrar a sessão, o coordenador científico da conferência, Hugo Costeira, também destacou a relevância que a videovigilância pode ter nas cidades, apelando ainda por mais meios para as forças de segurança, nomeadamente bodycams.
A conferência "Segurança Urbana 5.0 – Os Desafios na Era da Inteligência", foi organizada pela Pitagórica, com o apoio do Observatório de Segurança Interna, Inteligentia e Cespu.
Entre os oradores esteve ainda o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, o presidente da Confederação Europeia dos Sindicatos de Polícia, Ricardo Valadas, o diretor do Departamento de Sistemas de Informação e Comunicações da Direção Nacional da PSP, Rui Filipe Moura, o secretário-geral adjunto do Sistema de Segurança Interna, Manuel Silva Vieira, entre outros.
Foram trazidos à tona temas como "Os Desafios da Segurança Urbana na Era da Inteligência", "A Inteligência e as Redes Sociais no Combate à Criminalidade Urbana" e "As Políticas Públicas na Segurança Interna".
Fonte: CM Porto
Foto: Guilherme Costa Oliveira