Moreira e Moedas tencionam ser copilotos de uma tutela única na mobilidade e transportes públicos

Reconhecendo as diferenças entre as duas metrópoles, os autarcas do Porto e Lisboa seguem na mesma direção em matéria de desenho do sistema de mobilidade nos dois centros urbanos: querem que os municípios sejam ouvidos quando o assunto é a definição do transporte público e que a oferta seja tutelada por um único ministério. Rui Moreira e Carlos Moedas protagonizaram, esta manhã, na Biblioteca Almeida Garrett, o "Debate de Presidentes", na conferência "Mobilidade nas Grandes Cidades", organizada pela Renascença, em parceria com a Câmara do Porto.

"É bom que haja articulação e dependência do Governo a alguma distância", considera o autarca portuense, que defende a necessidade de ter o transporte público numa tutela única, que articulará a matéria com os municípios. Caso contrário, afirma Rui Moreira, "corremos o risco de fazer investimento desnecessário e deixar espaços vazios".

Tal como acontece no Porto, com a STCP, também os autocarros em Lisboa – a Carris – estão sob alçada autárquica, com igual sucesso de gestão, o que leva Carlos Moedas a questionar por que razão não o está o metro. "O Metropolitano é gerido por um ministro, mas quem está no terreno são os autarcas", sublinha o presidente lisboeta na defesa da articulação do transporte público.

Questionado sobre a VCI, Rui Moreira disse que aquela artéria tinha "um pecado original: ela racha a cidade" e, como via radial, deveria ser taxada, em troca com as vias circulares. "É duro, não ia ser pacato nos municípios da Área Metropolitana que querem atravessar o Porto", considera o autarca, partilhando, também, a opinião de que, não tendo sido considerada para a Linha Rubi do metro, a Ponte da Arrábida deveria "ser utilizada para o transporte público".

Em matéria de redução do uso do transporte individual na capital, Carlos Moedas considera que "não há uma solução, mas um gradualismo" de medidas, que não passam por "fechar todas as ruas ao trânsito", mas pelo alargamento da gratuitidade e existência de parques de estacionamento com ligação à rede.

Por seu lado, Rui Moreira admite que "vamos ter que tomar medidas inibitórias do transporte individual". O autarca lembra como em muitas cidades europeias "não há um único lugar de estacionamento gratuito e as multas são elevadas", enquanto no Porto a STCP se depara com os corredores BUS "transformados em parques de estacionamento", o tráfego congestionado pela falta de regulação de TVDE e as faixas obstruídas pelo "enorme problema da logística urbana" de entrega de mercadorias, situações nas quais "as autarquias deviam poder ter mão", por exemplo definindo o valor das multas.

"Não podemos ter uma cidade a fazer investimento na linha de metro, na descarbonização dos veículos e depois deixar que o espaço público seja apropriado por uma atividade que causa entropia", sublinha, em relação à recente medida que condiciona o acesso de veículos turísticos à Baixa e Centro Histórico.

Ciente da contestação que muitas destas medidas geram, o presidente da Câmara defende que "um autarca não governa para o momento, tem que pensar no futuro". "Prefiro que as pessoas se zanguem hoje do que se revoltem amanhã", reforça.

Também o congénere de Lisboa defende a regulação do estacionamento, algo que "as próprias pessoas agradecem quando têm veículos estacionados nos seus lugares de moradores".

O debate deu, ainda, espaço para os autarcas exporem o que, aparentemente, os opõe relativamente às competências da Polícia Municipal. Rui Moreira admite estar "contente com as competências, eu queria era mais polícias", enquanto Carlos Moedas reclama, para os agentes em Lisboa, a mesma possibilidade que os do Porto têm de prender pessoas e levá-las para a esquadra sem ter que esperar por um PSP.

Ambos defendem a valorização da profissão, a formação, melhores condições de trabalho e o reforço da visibilidade policial. "Espero que não tenhamos que ser o 47.º país mais seguro do mundo para que percebam a importância do reforço das forças de segurança", lançou o presidente da Câmara do Porto.

 

Fonte: CM Porto
Foto: Guilherme Costa Oliveira

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