16 May 2022, 0:00
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que a ilegalização do aborto "deixou de existir" como "questão fracturante" na sociedade portuguesa, no dia em que o Supremo Tribunal dos EUA anuncia a revogação ou não da histórica decisão de 1973 que permitia o aborto legal.
"Não acredito que Portugal possa voltar atrás no aborto. Era necessário que as linhas religiosas radicais nesta matéria ganhassem um peso brutal. E hoje não há vozes a favor de uma revogação/reversão da legislação."
O Presidente respondia ao Diário de Notícias, que questionava o chefe de Estado sobre a decisão que o Supremo Tribunal dos Estados Unidos deve anunciar esta segunda-feira sobre a inconstitucionalidade da ilegalização do aborto decretada em 1973.
Marcelo Rebelo de Sousa foi, ao longo da sua carreira política e como comentador televisivo, uma das vozes contra a legalização da interrupção voluntária da gravidez em Portugal. Em 1988, quando esta questão foi a referendo, Marcelo, então presidente do PSD, fez um acordo com o primeiro-ministro António Guterres (PS) para impedir a entrada em vigor de uma lei aprovada naquele ano no parlamento que permitia o aborto até 12 semanas por decisão da mulher.