28 Dec 2023, 0:00
249
Mónica Gama foi a primeira vencedora da edição de estreia em 1994. Campeã do mundo de corta-mato por equipas, será sempre justo afirmar que terá sido uma das grandes promessas do atletismo português, mas a vida profissional como educadora de infância falou mais alto. O que ninguém lhe tira, entre tantas vitórias ainda nos escalões júnior de atletismo, é o facto de ter conquistado a primeira São Silvestre do Porto. “Chovia imenso e o percurso da prova era também muito difícil porque antigamente as ruas do Porto eram quase todas em paralelo, tornavam-se muito escorregadias. Este facto, aliado ao relevo típico da cidade, com muitas descidas e subidas, acabou por ser um desafio enorme”, recorda.
Havia a tradição das corridas de São Silvestre em Lisboa – a dos Olivais e a da Amadora. Entretanto, apareceu a do Porto, com menos gente nas suas primeiras edições fruto também da falta de atletas de fundo e de amadores que praticassem atletismo. No caso das mulheres acrescia ainda o preconceito. Lembra-se, sem nostalgia, que “ouvia ‘bocas’ não muito agradáveis na rua, mas felizmente hoje é muito diferente”.
Quando participou na primeira edição da São Silvestre, com 24 anos, já estava com um pé no atletismo e outro nos estudos. Mónica deixou de correr há alguns anos, mas deixou descendência. Os dois filhos, Pedro e João Amaro, são atletas de fundo e estão prestes a terminar os estudos na universidade. “Não era bem este desporto que gostava que escolhessem, implica muito sofrimento, é muito individual e os treinos são mesmo muito custosos”. Mas quem corre por gosto…
Hoje já não corre, nem tão pouco consegue acompanhar o ritmo dos seus dois filhos gémeos, Pedro e João Amaro, com 21 anos. Mãe coragem e orgulhosa dos seus dois rebentos, Mónica Gama não consegue esconder a alegria que foi ver Pedro a vencer a última edição. O destino tem destes ciclos que, na família, parece virem em dupla.
“Estava longe de imaginar que, depois de ter vencido a primeira edição da São Silvestre na cidade do Porto iria testemunhar a conquista do meu filho Pedro, no ano passado”, desabafa, deixando antever o desejo cúmplice de mãe e filho para que o irmão gémeo faça a “dobradinha” e vença a 29.ª edição a 30 de dezembro. “Nada de pressões”, graceja timidamente João.
“Ao contrário do meu irmão, no ano passado não me correu tão bem, estava com muitos exames e trabalhos na faculdade”. Entre o futsal e futebol, João começou a correr aos 17 anos, mais tarde que Pedro, que começou aos 13. “Cheguei à conclusão que se me juntasse ao meu irmão e levássemos isto mais a sério, conseguiríamos chegar mais longe. Vou lutar para ganhar a São Silvestre deste ano aqui no Porto”, garantiu.