9 Sep 2022, 0:00
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Cinco anos depois de ser coroada, a rainha Isabel II visitou a cidade do Porto. Em fevereiro de 1957, em pleno Estado Novo, a monarca era recebida em apoteose pelo povo portuense.
Na primeira visita oficial em solo português, o objetivo era reforçar as boas relações históricas entre os dois Estados e uma forma de retribuir a que o então presidente Craveiro Lopes fizera dois anos antes.
“A cidade do Porto, última terra portuguesa visitada pela rainha Isabel e pelo duque de Edimburgo, viveu hoje um dos seus dias grandes, dando mais uma afirmação clara e expressiva da sincera e espontânea hospitalidade que caracteriza os seus habitantes”, podia ler-se na edição de 21 de fevereiro de 1957 do Diário de Lisboa. “O cortejo penetrou na cidade pela Rua do Monte dos Burgos, seguindo pelas ruas do Carvalhido e da Prelada, Avenida da França e Praça de Mouzinho de Albuquerque, onde se aglomerava enorme multidão”, descreveu a imprensa. “Nos passeios, a multidão comprimida procurava por todos os meios testemunhar à rainha a sua simpatia enquanto das janelas não cessava também de cair flores.”
As descrições da data dão conta do impacto que a vinda da monarca teve na Invicta, principalmente junto dos súbditos ingleses que viviam na cidade, numa comunidade expressiva. Isabel II visitou a Feitoria Inglesa e o Palácio da Bolsa antes do regresso a casa.
São conhecidos os laços entre o Porto e os britânicos. Esses laços têm raízes no vinho do Porto e em muitos momentos histórico, pelo que a receção apotótica de Isabel II seria expectável. À saída da Feitoria, a monoarca trocava um automóvel fechado por um descapotável, de onde acenava à multidão.
Um encontro de países irmãos que olharam de forma diferente para a II Guerra Mundial. Portugal afastou-se do conflito, enquanto que Inglaterra viu-se obrigada a lidar com bombardeamentos, perdas humanas e uma crise económica. Ainda assim, as nações convergiam ao verem as suas colónias reclamarem independência.
Quase três décadas depois, em 1985, aterrou novamente em Lisboa e foi recebida por Ramalho Eanes, Presidente da República à data, que viria a acompanhá-la à cidade Invicta. Com honras feitas pelo então presidente da Câmara do Porto, Paulo Vallada, recebeu as chaves da cidade antes de ser brindada com uma parada militar na Ribeira.
O chão transformou-se num tapete de flores com 150 metros de comprimento, e na água abundavam barcos rabelos das várias casas de vinho do Porto. Almoçou na Casa do Infante e voltou a visitar o Palácio da Bolsa, tal como em 1957.