O ser humano, no centro de um novo modelo económico

NOVOS TEMPOS
Por Sérgio Carvalho

Os tempos que estamos a viver, após a tomada de posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos da América e as suas primeiras medidas económicas, parecem ditar o fim do mercado global livre. 

O anúncio da imposição de taxas alfandegárias, na ordem dos 25%, às importações provenientes do México e Canadá (que têm um acordo económico com Estados Unidos), bem como à União Europeia e à China, puseram o mundo em estado de alerta. Fizeram soar os sinais de alarme por todos os países ligados à Organização Mundial do Comércio. 

Estamos diante de uma nova política protecionista, nacionalista, que vai penalizar principalmente os países mais pobres e as economias mais frágeis.

Sabemos que as medidas foram adiadas por trinta dias, mas tudo mudou e nada será como dantes. Dos acordos de livre comércio e concorrência, passaremos à lógica do lucro e do mais forte. Certamente, abrir-se-ão verdadeiras guerras económicas. 

Em 2020, o Papa Francisco enviou uma carta aos jovens economistas e empresários que se reuniram em Assis, na Itália, no evento «A Economia de Francisco». Nela, o Santo Padre defendeu que todos devemos assumir «um compromisso individual e coletivo para cultivarmos juntos o sinal de um novo humanismo que corresponda às expetativas do homem e ao desígnio de Deus.»

Segundo o Papa Francisco devemos «pôr em prática uma economia diferente, que faz viver e não mata, inclui e não exclui, humaniza e não desumaniza, cuida da criação e não a devasta.»
Este novo humanismo económico, deve promover «a salvaguarda do meio ambiente» e «não pode ser separada da justiça em relação aos pobres, nem da solução dos problemas estruturais da economia mundial.»

Já não podemos cingir-nos, apenas, aos modelos económicos tradicionais, baseados na lógica capitalista, em que o lucro e o dinheiro são o «deus» a ser adorado, nem aos modelos estatizantes de cariz marxista, onde o Estado é o dono e controlador de tudo e de todos. E pelo meio, o estado social europeu, saído do pós-guerra, agoniza. 

Há que «corrigir os modelos de crescimento incapazes de garantir o respeito pelo meio ambiente, o acolhimento da vida, o cuidado da família, e equidade social, a dignidade dos trabalhadores e os direitos das gerações vindouras.»

Temos de dar passos em direção a um modelo económico novo, fruto de uma cultura de comunhão e não de exclusão e levantamento de muros que promovem de desumanização das relações humanas. 

A humanidade só terá um futuro de paz, prosperidade e tranquilidade, quando o homem deixar de ser o predador do próprio homem, e se verificar uma verdadeira distribuição da riqueza, baseada na fraternidade e na equidade. 

Oxalá, as ameaças vindas da Casa Branca não passem de jogadas de bluff, num jogo de cartas. Mas não nos esqueçamos que o centro da economia e do comércio são as pessoas e o seu bem-estar. Não podemos andar a brincar com a vida das pessoas…


Sérgio Carvalho, Professor e Jornalista
 

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