23 Feb 2024, 0:00
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"Numa cada vez mais transacional cultura de cuidados de saúde, a iniciativa sinaliza a crença na prioridade de um serviço centrado nas pessoas e nas noções antigas da capacidade de comunicação dos médicos", escreve o jornal britânico.
Em entrevista à publicação, o médico portuense de cirurgia plástica e reconstrutiva, especializado em cancro da mama, explica que mostra aos alunos "poemas que falam de empatia, compaixão, solidariedade e outros valores humanísticos similares que os médicos deviam esforçar-se por ter quando estão em frente a um paciente".
Com vários livros publicados, o médico considera que "cortar palavras durante a edição é um pouco como eliminar um tumor com o meu bisturi". "Poemas sobre cenários médico-paciente ou ambientes familiares de saúde, por exemplo, oferecem aos alunos uma ponte fácil para seus estudos diários", acrescenta o The Guardian.
A lição a apreender é a de que existe uma pessoa para lá do paciente. "Hoje em dia", sublinha João Luís Barreto Guimarães, "os médicos, muitas vezes, não têm tempo para parar e pensar, e tudo se reduz, rapidamente, ao técnico e mecânico". "O que tento transmitir aos alunos é que, tal como acontece com um poema, cada um dos seus pacientes é único", partilha.
O jornal escreve que a disciplina no ICBAS também pode contribuir para "iniciar conversas sobre a montanha-russa emocional envolvida em ser médico e ajudar os alunos a saber lidar com o trabalho".
Desde a introdução da cadeira de Poesia, João Luís Guimarães Barreto tem recebido vários convites para lecionar escolas de medicina do país.