11 Jul 2022, 0:00
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Um estudo da Nature Geoscience concluiu que a Península Ibérica enfrenta a maior seca em 1200 anos.
O presidente da Assembleia da República portuguesa, Augusto Santos Silva, agradeceu hoje a Espanha a ajuda na luta contra os incêndios, durante uma reunião com a sua homóloga espanhola, Meritxell Batet.
Santos Silva explicou que a ajuda entre ambos os países é sempre bem-vinda e “já se demonstrou que é eficaz”, pelo que propôs a intensificação da cooperação com o país vizinho, com o envio de bombeiros do norte de Portugal para a Galiza para trabalhos de assistência e vice-versa.
As altas temperaturas da época estival – que chegam a atingir cerca dos 40 graus, acompanhadas de ventos fortes, noites tropicais e trovoadas secas – provocaram uma vaga de incêndios nos últimos dias.
No âmbito do Mecanismo Europeu de Proteção Civil foram enviados de Espanha dois aviões pesados anfíbios.
A ocorrência de incêndios florestais e de temperaturas recorde registadas recentemente, aliado ao facto de que o inverno, período tradicionalmente associado à pluviosidade, tem sido pautado pela fraca queda de aguaceiros, veio agudizar a crise.
As estimativas mais radicais assumem, inclusive, a seca do Tejo, o maior rio da península, e da impossibilidade de manter a produção vinícola na região durante os próximos 50 anos.
A razão apontada para a fraca queda de chuva tem que ver com a frequência do anticiclone dos Açores, o qual bloqueia as frentes chuvosas tanto em Portugal como em Espanha, reconduzindo-as para o norte da Europa.
Segundo um relatório da mesma publicação, antes de 1850, este fenómeno acontecia apenas 1 vez a cada 10 invernos, passando a ocorrer 1 vez a cada 7 invernos na década de 80 do século passado, estando atualmente a uma média de 1 vez por cada 4 invernos.
A escassez de água motivou o governo espanhol a diminuir os caudais dos principais rios transfronteiriços, no que consiste numa “má notícia” para Portugal, segundo Pimenta Machado, vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, em declarações ao jornal Público.
Pimenta Machado enfatizou o facto de que 70% do consumo de água em Portugal provém de Espanha, através dos rios internacionais.