Reunião do Infarmed: "O vírus está endémico", especialistas propõe fim das restrições para o acesso a restaurantes, bares e lojas

Peritos e responsáveis políticos voltaram hoje a reunir-se no Infarmed, em Lisboa, para avaliar a situação epidemiológica da covid-19 em Portugal. A possibilidade de aliviar algumas restrições face à evolução positiva da pandemia foi um dos temas em cima da mesa.

Os principais destaques da reunião
Caracterização da situação epidemiológica atual:

Portugal passou por cinco grandes ondas epidémicas. Pico da incidência da quinta vaga, relacionada com a variante ómicron, terá ocorrido a 28 de janeiro, revelou Pedro Pinto Leite, da Direção-Geral da Saúde;
Segundo dados apresentados por Pedro Pinto Leite, atualmente a incidência cumulativa a sete dias por 100 mil habitantes, entre 7 e 13 de fevereiros, é de 1.562 casos, o que representa menos 45% relativamente ao período homólogo e indica que Portugal de encontra numa "fase decrescente da onda pandémica". A incidência da infeção reduziu, com "tendência decrescente", em todo o país;

“O pico da incidência terá ocorrido no dia 28 de janeiro com 2.789 casos a sete dias por 100 mil habitantes”, salientou o especialista da DGS;

Portugal tem uma elevada cobertura vacinal: 96% da população tem pelo menos uma dose, 91% tem o esquema vacinal completo e 88% das pessoas acima dos 50 anos já tomou a dose de reforço. A vacinação "manteve-se efetiva na redução de risco de internamento e de morte";

Mortalidade por Covid-19 "encontra-se elevada", e superior ao limiar definido pelo ECDC, no entanto "com tendência estável". "Espera-se uma redução da mortalidade na próxima semana", acrescentou Pedro Pinto Leite;

Baltazar Nunes, do INSA, revelou que o R(t) em Portugal é, agora, de 0,76. O especialista prevê que "em cerca de dois meses" se atinja uma taxa de incidência muito mais baixa, de cerca de 60 casos por 100 mil habitantes".

Cenários: "Considerando uma duração média de um ano de proteção contra infeção, para a população com 65 ou mais anos de idade, as simulações mostram a ocorrência de uma nova fase pandémica" no outono/interno de 2022/2023.

Ana Paula Rodrigues, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, sugere um modelo de vigilância na fase de recuperação da pandemia, tendo em conta a possível sazonalidade da circulação do vírus, assimetrias mundiais na vacinação, surgimento de novas variantes e variações do nível de imunidade populacional. Não sendo possível "nem necessário" identificar todos os casos de infeção por covid-19, propõe-se que o foco seja a identificação e caracterização dos casos com impacto na mortalidade, morbilidade e na resposta dos serviços de saúde;
Sistema integrado de vigilância de infeções respiratórias ( juntar a Covid-19 ao sistema que já vigia a gripe): Ana Paula Rodrigues disse ainda que o sistema agora proposto permitirá uma maior otimização de recursos e sublinhou a importância deste modelo de vigilância, uma vez que há “outros agentes respiratórias de igual potencial epidémico e sazonal”, como o vírus da gripe e o vírus sincicial respiratório. Este sistema de vigilância de infeções respiratórias agudas permitirá uma recolha integrada e uniforme dos dados clínicos e laboratoriais, permitindo pré-selecionar unidades de saúde para “ter uma amostra representativa representativa” da população.“Assim, teremos potencial capacidade para monitorizar a incidência da doença, ao mesmo tempo que monitorizamos a gripe e outros agentes de infeção respiratória”, explicou a responsável, na sua intervenção sobre "Vigilância na fase de recuperação da pandemia".
"As pandemias não duram eternamente, mudam”. O alerta foi de Henrique de Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto;
"O vírus está endémico, objetivamente está", garantiu o especialista. No entanto, isso não quer dizer que "não haja gravidade". "A malária e a tuberculose são endémicas e são doenças muito graves", acrescentou Henrique Barros, explicando depois que a endemicidade está relacionada "com circulação do agente e não com a gravidade".

Recomendações para a gestão da Covid-19

A fechar, Raquel Duarte, da ARS Norte, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar", apresentou uma proposta para a gestão da situação atual da pandemia. Não sem antes sublinhar que "Portugal é um dos países com menos medidas restritivas", em comparação com a União Europeia e o Reino Unido.
"Assistimos a uma mudança de paradigma, resultante da taxa de vacinação e da menor gravidade das manifestações clínicas associadas à variante ómicrom. Está na altura de aliviar as medidas, mantendo a monitorização e o alerta". Por essa razão, foram propostos dois níveis: nível 1 e 0;
Os especialistas propõem, por agora, a passagem ao nível 1, onde se mantém um modelo de vigilância no que diz respeito à testagem (rede sentinela), mas "sem limitações" no acesso aos locais de trabalho, a todos os estabelecimentos comerciais e a bares e discotecas. A máscara continuaria a ser obrigatória em serviços de saúde, transportes públicos e veículos TVDE, locais interiores públicos e em locais de grande densidade populacional. É também recomendado que o certificado digital seja utilizado em contexto de saúde ocupacional;
“Estamos no momento ideal para passar ao nível 1, mas com avaliações quinzenais para saber se podemos passar para o nível 0”, explicou Raquel Duarte;
No nível 0, a proposta é que termine a obrigatoriedade da apresentação de certificado digital e do uso de máscara, apenas promovendo-se essa utilização mediante sintomas respiratórios ou perceção de risco.

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