Rui Rio até apela ao voto no CDS, mas não convence Francisco dos Santos, que só o vê em "arranjinhos" com Costa

Não é comum um debate terminar com um candidato a apelar ao voto no adversário. Mas foi assim que acabou o encontro entre Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos — afinal, entre o PSD e o CDS-PP não se possa dizer que há uma relação de adversários, mas talvez a de irmãos que só se veem de longe a longe.
A moderadora, Sara Pinto, começou por pôr os dois partidos lado a lado — dois partidos de direita, dois partidos com coligações habituais —, mas este "não é um debate entre dois partidos de direita: é um debate entre um partido do centro e um partido de direita", corrigiu logo Rui Rio. Afinal, "votar no CDS é votar mais à direita", distingue o líder do PSD.
Se os centristas são da direita e os sociais-democratas do centro, Francisco Rodrigues dos Santos teme que Rui Rio seja, afinal, socialista, e denuncia eventuais "arranjinhos com António Costa" no pós eleições.
Francisco Rodrigues dos Santos quer "uma maioria reformista", avisando Rui Rio que não basta ficar à frente do PS. "Só haverá um governo de direita em Portugal com um CDS forte", defende, temendo que, sem os centristas, Rui Rio acabe por se entender com António Costa — "para ser um PS-D, um PS com um D à frente".
"Um voto no CDS garante que os votos no PSD não vão parar ao bolso do PS e que o PSD não vai por maus caminhos e acaba por se entender com o PS", argumentou o líder do CDS-PP, que apresentou o seu partido como "o antídoto contra o Bloco Central de interesses, um antídoto contra o liberalismo bloquista da Iniciativa Liberal e um antídoto contra o fanatismo populista do Chega".
Mas Rui Rio tem uma dose de realismo para dar: se o primeiro-ministro não for António Costa, será o líder do PSD — "não é crível [que o primeiro-ministro] seja outro", disse, defendendo que só o voto no PSD é um verdadeiro voto útil para tirar António Costa do poder. E admite que, caso tenha mais votos — mas fique sem maioria absoluta —, será com o CDS-PP que vai querer falar primeiro, "naturalmente". Mas, avisa: "Desde que o resultado eleitoral permita ter uma maioria com o CDS-PP e a Iniciativa Liberal"
"No caso de isso não funcionar, por não termos deputados suficientes, aquilo que digo é que o PS deve facilitar", afirma Rui Rio. Ou seja, num cenário em que o PSD não consiga com a direita somar maioria absoluta, Rui Rio reiterou que entende que "o PS aí devia facilitar a governabilidade do país" e que na situação inversa também está disponível para negociar. "Mas, preferencialmente, faço-o com o CDS", reforçou.
"Quem quer ser exclusivamente do centro, quer ser tudo ao mesmo tempo", respondeu Francisco Rodrigues dos Santos, reforçando que é a única chave para um governo de direita. Rui Rio, porém, insiste: "quem não quer um governo do dr. António Costa, tem de votar no PSD."
"Dispersar os votos à direita é enfraquecer a possibilidade de o PSD liderar um governo", acrescenta. Se ganhar "os outros devem estar disponíveis para ajudar à governabilidade", se perder, também Rui Rio fará o mesmo — inclusive com o PS.
Mas Francisco Rodrigues dos Santos bem lamentou que o PSD tenha optado por não se apresentar a estas legislativas em coligação pré-eleitoral com o CDS-PP, considerando que houve "entendimentos diferentes sobre o interesse nacional". Lembrando a Aliança Democrática (AD), o presidente do CDS-PP atirou a Rui Rio: "Podendo estar mais próximo de Sá Carneiro, acabou por estar mais próximo de António Costa".
Questionados sobre o que os distingue, Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos encontraram mais semelhanças que divergências: a TAP é para privatizar, os impostos para baixar — e o governo de António Costa para criticar.
Apesar de várias divergências os dois homens perceberam que mesmo com visões do mundo distintas, as ideias políticas não andam assim tão longe umas das outras — e os 25 minutos de debate serviram mais para afirmar as "linhas azuis" de um eventual apoio parlamentar que para cavar uma trincheira para a campanha eleitoral.
Francisco Rodrigues dos Santos defendeu que "um voto no CDS será a única opção possível para termos um governo de direita em Portugal" — "E se não quiserem votar no PSD, podem votar no CDS, isso aconselho", fechou um Rui Rio sorridente. Já depois do debate, Rio escreveu nas redes sociais: "O voto útil para evitar que António Costa volte a ser PM é, efectivamente, no PSD. Mas quem, apesar disso, insistir em votar mais à direita, compreende-se que o seu voto vá para um partido fundador da democracia e de valores democrata-cristãos."
Afinal, Rui Rio precisa tanto de um bom resultado do CDS quanto Francisco Rodrigues dos Santos: um bom resultado para os centristas não só ajuda Rui Rio a ficar mais perto da cadeira de António Costa (acreditando que, com a geometria favorável, renasce uma "PàF" com estes novos rostos), mas também serve de impulso para adiar o muito anunciado fim do CDS-PP. Rodrigues dos Santos garante que "o CDS não se vai extinguir no dia 30 de janeiro", resta saber se se vai tornar numa espécie protegida, ficar arrumada num único santuário, ou se há paleotologia capaz de ressuscitar os genes do ser protagonizado por Pedro Passos Coelho e Paulo Portas.

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