22 Feb 2022, 0:00
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Augusto Santos Silva adiantou que 40 cidadãos nacionais abandonaram, nos últimos dias, a Ucrânia e que Portugal tem um plano de contingência pronto.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse este domingo que “cerca de 40 cidadãos nacionais, portugueses ou luso-ucranianos, terão já abandonado a Ucrânia”.
O governante referiu que permanecem no país cerca de 200 cidadãos nacionais que, após contactados, manifestaram intenção de lá continuar.
A sua grande maioria tem dupla nacionalidade e, essa questão, faz toda a diferença porque, estando na Ucrânia, estão na sua pátria e não no estrangeiro, explicou.
O Ocidente e a Rússia vivem atualmente um momento de forte tensão, com o regime de Moscovo a ser acusado de concentrar pelo menos 150.000 soldados nas fronteiras da Ucrânia, numa aparente preparação para uma potencial invasão do país vizinho.
Moscovo desmente qualquer intenção bélica e afirma ter retirado parte do contingente da zona.
A decisão russa de reconhecer a independência das províncias separatistas de Donetsk e Lugansk pode implicar o fim dos acordos de Minsk, que conseguiram manter a paz aparente que reinava, apesar da situação vivida desde a anexação russa da Crimeia. Agora, a violência pode escalar ainda mais.
Apesar de os ucranianos agradecerem toda a ajuda, não se espera que alguém mande tropas para dentro do território ucraniano para defender as fronteiras da Ucrânia.
Em serviço especial para a Renascença, a jornalista da SIC Irina Shev diz que para os ucranianos as sanções são bem acolhidas, embora ninguém esteja convencido de que serão a solução.
“As sanções são bem-vindas, mas não há nenhuma ilusão quanto ao efeito que elas possam ter”, diz a jornalista, lembrando que o próprio Vladimir Putin, no seu discurso “desvalorizava completamente o seu efeito”.
Já a decisão russa de reconhecer a independência das províncias separatistas de Donetsk e Lugansk pode implicar o fim dos acordos de Minsk, acordos que conseguiram manter a paz aparente que reinava, apesar da situação vivida, desde a anexação russa da Crimeia. Agora, a violência pode escalar ainda mais.
“A partir do momento em que Vladimir Putin disse que esses territórios são independentes, isso pode significar que os acordos têm que ser revistos, podem perder completamente a sua validade”, nota Irina Shev, assinalando que são estes acordos que têm conseguido “manter uma espécie de paz aparente.”
“A entrada dos soldados dentro do território ucraniano pode significar que a violência pode escalar ainda mais. Vamos esperar para ver qual será a reação de Kiev a todos esses desenvolvimentos”, sublinha.
Os ucranianos estão algo confusos após o discurso do presidente ucraniano Vlodimir Zelensky. Esperavam mais e esperavam, sobretudo, ficar a saber o que vai o país fazer para se defender.
“A declaração de Zelensky acabou por não dar dados concretos de como é que a Ucrânia vai reagir a esta declaração de Vladimir Putin e sente-se que as pessoas estão bastante confusas e estão na expectativa para ver o que o que poderá acontecer, o que é que as próprias pessoas podem fazer para tentarem melhorar esta tensão, ou seja, se continuam a inscrever-se nos treinos de defesa territorial, o que é que podem fazer, porque o perigo é bastante real, nesta altura”, descreve.
O medo agora é que a Rússia, ao anunciar que pretende construir bases militares dentro dos territórios separatistas, consiga "alargar" esse território e tomar de assalto toda a região. A jornalista Irina Shev lembra que a segunda cidade da província de Donetsk - a cidade costeira de Mariupol, no Mar de Azov, tem uma importância estratégica essencial para os russos.
A jornalista não acredita que a NATO, mesmo estando ameaçada com esta entrada da Rússia em território ucraniano, use forças militares para entrar na Ucrânia e refere que “nem os ucranianos estão à espera que isso aconteça”.