U.Porto tem projeto para o lixo marinho produzido pelo setor das pescas

Com o mote “prevenir, evitar e mitigar”, o novo projeto visa “melhorar e amadurecer” o sistema desenvolvido para que, no fim, possa ser comercializado.

Investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) lideram um projeto europeu que visa, através do desenvolvimento de novas tecnologias e de ações de formação com os pescadores, prevenir e mitigar o lixo marinho produzido pelo setor.

Intitulado NETTAG+, o projeto europeu liderado pelos investigadores do centro da Universidade do Porto surge na sequência de um anterior projeto, designado NetTag e cujo objetivo era “prevenir, reduzir e reciclar” o lixo produzido pelo setor das pescas, adiantou à Lusa a investigadora Sandra Ramos.

 

Do anterior projeto, que durou dois anos e meio, resultou a criação de um “sistema de localização acústica de artes de pesca”, que inclui um emissor acústico (‘tag’) e um dispositivo a bordo da embarcação, esclareceu a investigadora do CIIMAR, acrescentando que através da emissão de um sinal sonoro, o sistema permite saber a localização exata destes materiais.

A par do sistema de localização acústica, os investigadores criaram também um robô para “ajudar na deteção e na recuperação da arte”, através de um cabo guia que permite puxar a rede de pesca para a embarcação.

 

Com o mote “prevenir, evitar e mitigar”, o novo projeto visa “melhorar e amadurecer” o sistema desenvolvido para que, no fim, possa ser comercializado.

 

“Vamos tentar implementar novas funções, nomeadamente, tentar que as redes que ficam algum tempo no mar até serem recuperadas consigam detetar a presença de mamíferos marinhos e emitir um sinal de alerta para os poder afastar”, esclareceu Sandra Ramos, adiantando que outro dos objetivos é criar um “ID único” para cada emissor, por forma a evitar que as artes sejam detetadas por outras embarcações.

Desenhado em conjunto com os pescadores, o sistema de localização acústica vai ser testado em diferentes tipos de arte, nomeadamente, “armadilhas de lagosta e polvo, artes de arrasto, artes do cerco, e redes de emalhar e tresmalho”.

No âmbito do projeto, os investigadores vão também continuar a “sensibilizar para a adoção de boas práticas a bordo relativamente ao lixo marinho”.

“Apercebemo-nos [no projeto anterior] que os pescadores prestam um serviço gratuitamente, limpam o oceano de forma voluntária”, referiu a investigadora.

Além de reforçarem a necessidade de os pescadores continuarem as “boas práticas”, o projeto vai incentivar a criação de infraestruturas apropriadas para a recolha do lixo nos portos.

“Vamos trabalhar com os portos para que tenham boas condições para que este lixo possa ser encaminhado para o destino adequado (…). Em algumas situações, as embarcações chegam a terra e não têm onde descarregar o lixo e o lixo fica ali ou, devido aos ventos, regressa aos oceanos. Se todos os portos estiverem equipados com as infraestruturas necessárias, será um incentivo para que as embarcações possam trazer lixo”, salientou Sandra Ramos.

Os investigadores vão também procurar encontrar “a melhor forma de recompensar” os pescadores pelo “serviço voluntário” que prestam.

“O setor da pesca é apontado como grande poluidor, mas na verdade, segundo as estimativas, só 20% do lixo marinho é de origem marítima. Não só da pesca, mas da aquacultura e transporte marítimo.

Os pescadores ainda são muito apontados como grandes poluidores, mas sabemos que 80% do lixo dos oceanos é proveniente da terra”, acrescentou.

Ao longo dos três anos, os investigadores pretendem ainda desenvolver soluções para mitigar a perda das artes de pesca já abandonadas no oceanos, através da criação de um algoritmo de processamento e de um novo sistema robótico de mapeamento extensivo.

“Verificámos no projeto anterior que não há muita informação sobre as redes que já estão perdidas no oceano e, portanto, vamos tentar apresentar uma solução em que o objetivo é varrer o oceano e que consiga discriminar uma rocha, de uma rede e de um cardume”, contou, notando, contudo, que este é “um grande desafio”.

Financiado em cerca de 2,5 milhões de euros pela Comissão Europeia, o projeto NETTAG+ conta com 15 parceiros de sete países europeus (Portugal, Espanha, Itália, Croácia, Malta, Reino Unido e Irlanda).

 

Lusa

 

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