Van Dunem diz que marido "perdeu fortuna" com a sua passagem pelo Governo

Ex-ministra critica "onda populista" criada em torno de incompatibilidade de funções entre governantes e familiares.

A ex-ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, que é casada com o jurista Eduardo Paz Ferreira, afirmou que o marido “perdeu uma fortuna” com a sua passagem pelo Governo, criticando a “onda populista” criada em torno de uma possível incompatibilidade de funções entre ambos. 

As declarações de Francisca Van Dunem, que liderou a pasta da Justiça durante mais de meia década, foram feitas numa entrevista ao Expresso, ao ser questionada sobre a discussão criada em torno da incompatibilidade de o seu marido aceitar contratos com o Governo. Paz Ferreira não prescindiu desta possibilidade, mas nunca colaborou com o Ministério da Justiça.

Estão a criar-se linhas de pensamento que geram unanimismo em torno de posições sem adesão à realidade. Fui nomeada ministra da Justiça e sou casada há 30 anos com um professor de Direito Público que trabalhou em particular para o Estado, na área das finanças públicas. Ele não ficou diminuído por estar casado comigo e era lógico continuar com a atividade”, começou por dizer.

Exigir que fosse diferente, significava eu não aceitar ser ministra, o que os populistas defendem, ou ele morrer na miséria. O meu marido perdeu uma fortuna”, acrescentou. 

Van Dunem afirmou mesmo que a sua passagem pelo Governo foi “uma tragédia” do “ponto de vista económico”.

Do ponto de vista económico, a minha passagem pelo Governo foi uma tragédiaPorque se gerou esta onda populista, ‘se ele é marido da ministra não pode trabalhar para o Estado’. O que levará a que ninguém queira ser padre nesta paróquia, ou seja, que ninguém queira ser ministro nesta República”, defendeu. 

A ex-ministra considerou ainda que “um ministro não ganha para o que faz”, tendo em conta a exposição pública “tremenda” que afeta estes governantes e as suas famílias.

“Honrou-me muito ter passado pelo Governo e servir o país, mas foi pesado do ponto de vista moral e financeiro. É só para pessoas com um grande amor à causa pública ou que estão no desemprego. Enquanto magistrada, ganhava mais do que no Governo”, notou.

“Temos de ter exigência sobre o conflito de interesses, mas não podemos entrar em delírios radicais e infantis”, sublinhou. 

Na mesma entrevista, Francisca Van Dunem acabou ainda por comentar os atrasos no BES/GES, considerando que a “mediatização da justiça” levou a que este caso se tornasse “socialmente insuportável”. 

“Sejamos claros: é natural que um processo destes demore. Mas tornou-se socialmente insuportável. Sobretudo quando temos uma espécie de concurso, com os meios de comunicação a difundirem notícias hora a hora sobre a justiça, porque o crime vende”, disse. 

Sobre o confronto entre os juízes Ivo Rosa e Carlos Alexandre, a antiga governante comentou que se perdeu “um bocadinho a dimensão institucional das coisas” e lembrou que, em determinados cargos,  “é preciso ter um comportamento exemplar“.

Perdemos um bocadinho a dimensão institucional das coisas. E, por vezes, parece faltar bom senso. Em determinados cargos é preciso ter um comportamento exemplar. Talvez a justiça ganhasse em trabalhar num ambiente de maior serenidade, com menos carga de personalidades”, rematou.




 

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